Pesquisadores da Unesp de Ilha Solteira desenvolvem dispositivos de desinfecção hospitalar com raios ultravioleta contra o coronavírus
Dispositivos germicidas são utilizados no combate ao coronavírus em ambientes hospitalares (Foto: Divulgação)
Um grupo de pesquisadores do campus da Unesp de Ilha Solteira desenvolveu dispositivos germicidas de luz ultravioleta para serem utilizados na esterilização de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e ambientes hospitalares, que atendem pacientes com o coronavírus. Os equipamentos disseminam radiação do tipo UVC, que deixa o vírus inerte, inibindo sua capacidade de infecção.
Foram construídos seis equipamentos com o formato de rodo e quatro similares a um farolete. Assim como a ferramenta de limpeza, o rodo foi pensado para ser utilizado no piso, enquanto o farolete tem a função de esterilizar pequenas superfícies, como maçanetas, corrimões e bancadas. Os equipamentos foram doados para hospitais que atendem pacientes com a Covid-19. As cidades beneficiadas foram Araçatuba, Jales, Ilha Solteira, além de Três Lagoas e Campo Grande, ambas no Mato Grosso do Sul.
O idealizador do projeto foi o professor da faculdade de engenharia de Ilha Solteira Claudio Luiz Carvalho. O pesquisador possui mestrado em física aplicada a medicina pela USP e teve a ideia de criar os dispositivos enquanto desenvolvia o projeto de uma câmera de desinfecção com ultravioleta para um hospital de Campo Grande.
"Durante as pesquisas para essa câmara surgiu a ideia de fazer o rodo, que fosse capaz de higienizar os ambientes atingidos pelo aerossol. Foi então que comecei a desenhar e pesquisar quais eram as melhores lâmpadas para usarmos no projeto. Depois, pensamos em um dispositivo para ser usado em superfícies menores", conta Carvalho.
Os equipamentos foram produzidos na oficina do departamento de física da Unesp. O processo envolveu técnicos, professores e alunos da pós-graduação dos cursos de engenharia elétrica, física, química e biologia.
Parte dos materiais utilizados na fabricação foi conseguido na faculdade. Os demais insumos foram adquiridos com o dinheiro dos próprios docentes e uma verba remanescente de uma vaquinha virtual, realizada para a produção de equipamentos de proteção individual (EPIs). Em duas semanas, o grupo conseguiu produzir mais de 1,2 mil unidades de faceshields - máscaras de proteção facial reutilizáveis e ajustáveis - por meio de impressão 3D. Os equipamentos foram doadas para profissionais da saúde que atuam na região.
O professor de engenharia elétrica Marcelo Augusto Assunção Sanches esclarece que esse trabalho não é inédito e que a esterilização utilizando raios ultravioleta já é feito em aeronaves, por exemplo. A novidade, no entanto, está no formato dos dispositivos, capazes de serem transportados para diferentes ambientes e de fácil manuseio.
"Não é nada novo, mas é uma forma de baratear e tornar o processo ainda mais acessível, já que normalmente esse equipamento é comercialmente muito caro", diz Marcelo. Feito com aço inox, lâmpada do tipo UVC, reator, interruptor e cabo PP, cada rodo teve um custo aproximado de R$ 350 e o farolete R$ 150.
O grupo chegou a ser procurado por clínicas e hospitais interessados nos aparelhos, mas os pesquisadores esclarecem que, apesar de terem desenvolvido o projeto, não fabricam os equipamentos. Para produção em alta escala, é necessário autorização da Anvisa, Vigilância Sanitária e registro de patent
*Diário da Região