De acordo com a Conab, a coleta de cana-de-açúcar deve ter uma redução de quase 2% em comparação com o volume produzido pela safra passada
Pecuaristas do noroeste paulista precisam tomar cuidados contra o novo coronavírus (Foto: Reprodução/TV TEM)
Pecuaristas de todo o noroeste paulista vêm tomando muitos cuidados em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Alguns setores já calculam prejuízos para a safra deste ano.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2020/2021 prevê uma coleta de 630 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em todo o país, o que aponta uma redução de quase 2% em comparação com o volume produzido pela safra passada.
A Conab ainda prevê uma queda de 3,9% na produção de etanol, atingindo 29 bilhões de litros. Na temporada anterior, a produção do biocombustível foi a maior da história. Essa queda acontece, principalmente, por conta dos preços internacionais do petróleo e pela drástica redução do consumo interno, gerado pelo isolamento social.
"A grande questão é: havendo uma produção dentro da normalidade e não tendo uma venda para atender a esse volume de produção, como é que fica a situação da estocagem desses produtos?" questiona Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única).
Produção de borracha
Outro setor que acumula queda é o da borracha. A região de São José do Rio Preto (SP) é responsável por 64% da produção nacional, mas os produtores já calculam prejuízos com a safra deste ano.
Diogo Esperante, presidente executivo da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Abapor), explica os impactos dessa queda.
"Os meses de abril, maio, junho e julho correspondem a 50% da produção de toda a safra. Então, dá para ter uma dimensão do quanto isso impactou os produtores, sobretudo os seringueiros", afirma.
Adaptações no campo
Devido ao cenário assustador, diversos produtores da região vêm se adaptando. Em uma fazenda localizada em Tabapuã (SP), uma das maiores produtoras de laranja do estado de São Paulo, além dos funcionários usarem máscaras como medida preventiva ao Covid-19, não é mais preciso registrar o ponto através da digital.
"Não tem mais essa necessidade. Mantém a distância de um metro e meio no mínimo para a outra pessoa e faz o reconhecimento facial", explica o diretor de recursos humanos da fazenda, Vagner Silva.
Para realizar esse reconhecimento facial foi adotado o uso de um aplicativo utilizado nos celulares dos líderes de equipe, que reconhece cada um dos funcionários. Para o procedimento, eles retiram as máscaras, fazem a leitura e já podem recolocá-las logo em seguida.
Os dados são enviados em tempo real ao escritório da empresa. "Tem várias frentes de tecnologia que a gente está implementando para ganhar escala, produtividade e também o cuidado na saúde dos funcionários", afirma Vagner.
Além disso, todos os equipamentos, máquinas e tratores são limpos com hipoclorito de sódio, produto capaz de matar o vírus.
"A gente está tendo que transformar isso em uma educação muito mais constante, com cobranças muito mais constantes para os funcionários, porque a saúde deles passou a ser o nosso principal fator de preocupação", comenta Sarita Junqueira, CEO da empresa.
*G1.com