Sangue tipo A é associado a mais complicações por Covid-19 (Foto: Pexels)
Um estudo publicado na quarta-feira (17) no New England Journal of Medicine diz que duas variações genéticas podem indicar quem tem maior risco de desenvolver quadros graves ou morrer por Covid-19. A pesquisa, liderada pela Universidade de Kiel, na Alemanha, corrobora um artigo publicado em março por cientistas chineses, no MedRxiv.
"Nossos dados genéticos confirmam que o grupo sanguíneo O está associado a um risco menor de adquirir Covid-19 do que os não-O", escreveram os pesquisadores na nova pesquisa. "Já o grupo sanguíneo A foi associado a um risco maior que os grupos sanguíneos não-A."
Os cientistas estudaram mais de 1980 pacientes espanhóis e italianos com infecções graves do novo coronavírus e os compararam a 2381 pessoas que não estavam doentes. Eles fizeram um teste de associação em todo o genoma, vasculhando o mapa genético dos voluntários em busca das duas variações de DNA mais comuns em pacientes com quadros serveros da Covid-19. "Confirmamos um potencial envolvimento do sistema de grupos sanguíneos ABO na Covid-19", escrevem os autores.
De acordo com os pesquisadores, as pessoas com sangue tipo A apresentaram um risco 45% maior de serem infectadas do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Por outro lado, quem tem tipo sanguíneo O mostrou apenas 65% de probabilidade de se infectar com o novo coronavírus.
Como explicou Parameswar Hari, da Faculdade de Medicina de Wisconsin, nos Estados Unidos, à CBS News, o organismo de pessoas com tipo sanguíneo O tem mais chance de reconhecer proteínas "estranhas" — inclusive as que existem na superfícies de patógenos, como o novo coronavírus.
Outra questão importante é que os genes que controlam o tipo sanguíneo também afetam estruturas dos açúcares na superfície das células, o que poderia interferir na capacidade do vírus de infectá-las.
Mas os pesquisadores ressaltam queo estudo não deve desesperar quem tem
sangue tipo A — e muito menos estimular quem tem tipo sanguíneo O a parar de se cuidar. "A diferença absoluta de risco é muito pequena", explicou Roy Silverstein, também da Faculdade de Medicina de Wisconsin, à
CNN. "A redução de risco pode ser estatisticamente significativa, mas é uma pequena mudança no risco real. Você nunca diria a alguém do tipo O que ele tem menor risco de infecção."
*Revista Galileu