Dra. Ana Paula Brilhante explicou sobre fatores de risco, sintomas e importância da glicemia estar controlada
(Foto: Santa Casa de Votuporanga)
Além do cuidado com a saúde masculina, novembro também alerta para a luta contra um inimigo comum a ambos os sexos: Diabetes. O Dia Mundial de Combate à doença, no dia 14 deste mês, chama atenção para esse mal, que atinge quase 7% da população no Brasil e pode ser um fator de risco no enfrentamento à COVID-19.
O SanSaúde conversou com a médica endocrinologista, Dra. Ana Paula Brilhante, para saber mais detalhes da patologia. “Diabetes Mellitus é caracterizado pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é gerado no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. Sem ela, há acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia”, explicou.
Ela contou que a pessoa é considerada diabética quando, ao fazer exame, apresenta glicemia de jejum acima de 126 mg/dL ou hemoglobina glicada acima de 6,5%. “O teste oral de tolerância à glicose acima de 200 mg/dL também reforça o diagnóstico. Unimos a avaliação em jejum e mais um exame para confirmarmos a doença”, contou.
Diversas condições podem levar ao Diabetes, porém a grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Tipos 1 e 2. “O primeiro é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo, levando a deficiência de insulina. Já a segunda corresponde a 90% dos pacientes diabéticos. A insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência. Isso vai levar a um maior aumento da produção para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge a doença”, disse.
Ao contrário do Diabetes Tipo 1, há geralmente associação com aumento de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50 anos. Contudo, observa-se, cada vez mais, o desenvolvimento do quadro em adultos jovens e até crianças. Isso se deve, principalmente, pelo aumento do consumo de gorduras e carboidratos aliados à falta de atividade física.
Fatores de risco
Além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, existem outros que podem contribuir para o seu desenvolvimento:
· Diagnóstico de pré-Diabetes;
· Pressão alta;
· Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
· Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
· Pais, irmãos ou parentes próximos com Diabetes;
· Doenças renais crônicas;
· Diabetes gestacional;
· Síndrome de ovários policísticos;
· Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Sintomas
A médica destacou os principais sintomas: fome frequente, muita sede, vontade de urinar diversas vezes ao dia, perda de peso em curto período, fraqueza, fadiga, infecções frequentes na bexiga, rins, pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
Diabetes e COVID-19
No que diz respeito a Covid-19, de acordo com a Associação Americana de Diabetes (ADA), não há dados suficientes para atestar que pessoas com Diabetes tem maior probabilidade de contrair a patologia. No entanto, há evidências que, uma vez infectado, este grupo tem mais chances de desenvolver complicações graves. “Alguns pacientes, que antes não possuíam Diabetes, passam a ter o diagnóstico após Coronavírus. Também já foi analisado que a infecção por COVID-19 descompensa muito o tratamento de Diabetes”, ressaltou Dra. Ana Paula.
Prevenção
Ela destacou que Diabetes tipo 2 está associado com hábitos de vida. “A melhor forma de preveni-lo é o consumo de alimento saudáveis, prática de exercícios físicos e controle do peso. Muitas pessoas com pré-Diabetes adotam novos hábitos e, assim, não desenvolvem a doença”, disse.
No tipo 1, não há prevenção, já que se trata de uma doença autoimune. “Porém, alguns hábitos saudáveis podem ajudar a minimizar as complicações associadas à doença”, finalizou.