A aluna Roberta Gomes de Oliveira Rufo teve o seu trabalho selecionado por Agência de Direitos da Criança
Da Redação
O trabalho de conclusão de curso intitulado A Mídia, da formanda em Jornalismo pela Unifev, Roberta Gomes de Oliveira Rufo, foi um dos trabalhos selecionados pela 5ª edição do Projeto Informação, que teve como temática “O enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes: o papel da mídia”, realizado pelo convênio da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Criança) com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Apenas 12 pesquisas foram contempladas em todo o país pela Andi no primeiro semestre de 2010. Roberta enviou relatórios periódicos durante o desenvolvimento do trabalho para a agência acompanhar os rumos e as constatações da pesquisa.
A universitária desenvolveu seu trabalho como instrumento de mobilização social nos casos de denúncia de violência sexual, abordando a importância da mídia impressa no papel de divulgadora da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Para desenvolver a pesquisa, a estudante analisou as publicações de dois jornais de Votuporanga, entre março e maio de 2010, que abordavam ações desenvolvidas pela equipe multiprofissional do Creas – Centro de Referência Especializada da Assistência Social – Serviço de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Votuporanga.
Além do levantamento das reportagens, a aluna utilizou entrevistas com assistentes sociais, educadores, psicólogos, jornalistas e profissionais da área jurídica – envolvidos no objeto de estudo – para compor o material. Por meio da pesquisa a principal observação apontou ser escassa a divulgação sobre o trabalho desenvolvido pela equipe do Creas junto às vítimas e suas famílias.
Apesar de o número de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes não ser pequeno, a repercussão dos casos ainda é limitada. Os resultados da pesquisa apontam vários motivos que levam à falta de divulgação, entre eles, o segredo de justiça em que os casos são cuidados, por se tratar de crianças e adolescentes envolvidas em uma questão considerada delicada.
Ainda assim a pesquisa reconhece que os veículos de comunicação, nesse caso, os jornais impressos, devem ser vistos pelos segmentos sociais como aliados no enfrentamento do problema, provocando o diálogo e o debate em toda a sociedade por meio de abordagens jornalísticas mais profundas. O trabalho pretende ressaltar a importância da mídia no enfrentamento desta mazela social no Brasil, visto que a informação pode contribuir significativamente.
Para a coordenadora do Creas de Votuporanga, Iara Rosane da Costa Rufato, “no mês de maio percebemos uma maior divulgação das atividades desenvolvidas, pois nesse período é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração, então todo mundo, o Brasil inteiro se mobiliza no dia 18”, analisa. Entretanto, “depois que passa o mês de maio, a questão continua, a gente continua com atendimentos, continua tendo denúncias e fazendo boletim de ocorrência”, afirma Iara. Por este motivo, “a divulgação desse trabalho é fundamental para a mobilização da populacão”, conclui.
Também entrevistado durante o processo de construção da monografia, o Juiz da Vara da Infância e da Juventude de Votuporanga José Manuel Ferreira Filho, entende que “a mídia possui um papel muito importante que consiste basicamente no fornecimento de informações à sociedade”, avalia.
Para o juiz, “quanto maior o número de informações relacionadas ao contexto de violência sexual fornecido ao meio social, melhor, assim, poderiam ser esclarecidos assuntos como de que forma proceder caso se tenha conhecimento de situações de abuso sexual, a quem comunicar se a violência ocorrer no ambiente escolar, ou no âmbito familiar”, comenta.
Representando a classe dos jornalistas na pesquisa científica, a profissional Silvia Brandão Cuenca Stipp, que coordena o curso de Comunicação Social – Jornalismo no Centro Universitário de Votuporanga, afirma que “a mídia impressa tem a responsabilidade de, por meio de informação e prestação de serviços, tentar promover uma formação educativa, cidadã”, aponta. “O seu papel, ao divulgar casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, é influenciar discussões, incomodar lideranças, provocar um chamamento coletivo”, finaliza.
O trabalho foi apresentado ao Centro Universitário de Votuporanga – Unifev para a diplomação de Roberta como Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, e a pesquisa também contribuiu para a pesquisa da Andi de conhecer o quadro da divulgação de casos de violência pela mídia no interior e uma análise de como o assunto é tratado pelos veículos impressos.
Para a pesquisadora participante foi a oportunidade de conciliar o trabalho de educadora infantil desenvolvido na Escola Cem Prof. “Valdir Gonçalves de Lima” com a carreira jornalística, prestando sua contribuição para que a violência contra crianças e adolescentes não seja camuflada.
Leia na íntegra a versão online