Artista Eduardo Kobra estará em janeiro em Votuporanga para transformar a paisagem urbana através da arte
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Retratar a história da cidade em painéis é um dos grandes desafios do artista Eduardo Kobra. Conhecido pelos seus trabalhos em São Paulo com o projeto“Muros da memória”, ele estará em Votuporanga no dia 26 de janeiro para traçar a trajetória do município. É síntese do seu modo peculiar de criar, através do qual pinta mais também adere, interfere e sobrepõe cenas e personagens das primeiras décadas do século XX. É uma junção de nostalgia e modernidade, por meio de pinturas cenográficas, algumas monumentais. Através delas cria portais para saudosos momentos da cidade.
Kobra ficará na cidade por duas semanas. Na ocasião, as paredes de um novo estabelecimento de Votuporanga, Furmiguinhas, serão o local onde ele desenvolverá sua arte. Mas também há interesses da Santa Casa de Votuporanga e da própria Prefeitura em retratar a história da instituição e do município.
A vinda do artista surgiu pela admiração da empresária Selma Barucci, que teve a ideia de presentear os votuporanguenses com a pintura em sua loja. O painel será de 30x4 metros e fica no piso superior. "Conheci suas obras em exposição e também na avenida Paulista, além dos shoppings e no Morumbi. Fiquei encantada", disse, ao jornal A Cidade.
Ela, que nasceu em Bálsamo e sua família é de Estrela d´Oeste, morou na capital por 22 anos. "Meu marido Gustavo recebeu convite de trabalhar na Santa Casa e na Prefeitura. Nem pensamos duas vezes. Em São Paulo, não via os meus filhos", afirmou. Selma possui um filho de 20, uma de 9 e um de 3.
A empresária viu então a sua vontade de viver em Votuporanga, acontecer. "Hoje eu tenho paz, passeio com os meus cachorros. Pensei em montar uma loja de festas e com o Sebrae, estou organizando o estabelecimento, que ficará ao lado do Mercadão Municipal", emendou.
"Quero me tornar cidadã daqui, Hoje, posso ver minha família e ter qualidade de vida", complementou.
Para Kobra realizar o trabalho, Selma está com a missão de reunir o maior número de fotografias possível de todos os 73 anos de Votuporanga. "Ele avalia o material e me manda um pré-projeto. Todo o trabalho dele é voltado para a história", ressaltou.
O artista
Eduardo Kobra é um expoente da neo-vanguarda paulista. Seu talento brota por volta de 1987 no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra criado nos anos 90 - para um muralismo original inspirado em alguns artistas, especialmente os pintores mexicanos e no design do norte americano Eric Grohe, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista.
Nesse caminho ele desenvolve o projeto “Muros da memória” que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade. O maior destes murais mede 1000 m2 e foi realizado em 2009 na Avenida 23 de Maio em comemoração ao aniversário de São Paulo.
Kobra desenvolve obras que misturam o traço do grafite rico em sombra, luz e brilho. O resultado são murais tridimensionais que permitem ao público interagir com a obra. A idéia é estabelecer uma comparação entre o ar romântico e o clima de nostalgia com a constante agitação característica dos grandes centros como é São Paulo hoje. Paralelamente Kobra desenvolve sua produção pessoal com exposições dentro e fora do Brasil.
Em dezembro participou do “Salon National Des Beaux-Arts 2009”, exposição que acontece há 148 anos no Museu do Louvre em Paris e de pesquisas de materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos (muito difundida por nomes internacionais, como Julian Beever e Kurt Wenner).
A convite da Prefeitura de São Paulo, o artista realizou na praça patriarca a primeira pintura em 3D sob pavimento do Brasil. A técnica anamórfica consiste em “enganar os olhos”, a pintura pode parecer distorcida em um certo ângulo, mas ao ver do ângulo correto, estipulado pelo artista ela se torna 3D apresentando uma incrível variação de profundidade e realismo .
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