Neste domingo Sílvio Santos completa 80 anos de idade em plena atividade profissional e enfrentando uma crise financeira motivada por um golpe aplicado em uma de suas empresas, o Banco Panamericano.
Abalado com a situação? Depois de ter chegado onde chegou, esta lendária figura da mídia brasileira parece que vai “tirando tudo de letra” e segue em frente, como tem feito há mais de sessenta anos.
Sílvio Santos sempre procurou manter a sua vida pessoal longe dos holofotes; gosta de dirigir o seu carro ele mesmo e passou a preocupar-se com segurança depois que uma de suas filhas foi sequestrada e pouco tempo depois, o sequestrador invadiu a residência do empresário fazendo Sílvio Santos e sua família reféns durante várias horas.
Não se tem notícias de Sílvio Santos em festas e badalações. Dias atrás, ele foi condecorado com a Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas, comenda entregue à personalidades que se destacaram no âmbito do trabalho e Patrícia Abravanel foi quem recebeu das mãos do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, a homenagem ao pai.
E as homenagens continuaram. Na sexta-feira passada Sílvio Santos foi representado pela outra filha, Daniela Beyruti, nas comemorações dos 450 anos do Legislativo Paulistano e recebeu em nome do seu pai e do SBT o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo por sua contribuição na área de imprensa e comunicação.
Para aqueles que estão esperando uma mega festa de aniversário, vai um aviso, Sílvio Santos está em Celebration, nos Estados Unidos e vai assoprar as velinhas do bolo em companhia apenas de sua família.
Quando se fala de Sílvio Santos, não são necessárias muitas explicações, ele tem luz própria e pode-se dizer que dificilmente haverá outro comunicador como ele, sem desmerecer muitos talentos que comandam atrações na televisão atualmente.
Para se ter uma ideia do fascínio que Sílvio Santos exerce, quando estourou a notícia dos problemas financeiros do empresário, uma fã se dispôs a fazer uma campanha de arrecadação para ajudá-lo neste momento de dificuldades.
O fato é que Sílvio Santos criou um estilo, pode até ser considerado de ultrapassado, mas é digno de nota que se mantém no ar desde 1962 quanto estreou na TV Paulista com o programa “Vamos Brincar de Forca”.
A vocação para falar às multidões apareceu cedo, logo aos 14 anos de idade. Tempos dificuldades financeiras para a família Abravanel e o rapazinho Senor resolveu vender capas de título de eleitor numa banca de camelô. Eloquente e bem humorado, não demorou para conquistar os transeuntes e um fiscal da prefeitura que sugeriu que ele fizesse um teste na então Rádio Guanabara, atual Rádio Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Apesar de ter passado no teste, trabalhou apenas um mês como radialista, ele precisava de dinheiro e o comércio ambulante rendia mais.
Mas, o bichinho da comunicação tinha se enraizado nele e não demorou para voltar ao rádio, desta vez em Niterói. Para ir ao trabalho, pegava a barca e logo percebeu que poderia usar o tempo da travessia a seu favor; montou um serviço de som veiculando músicas e anúncios de produtos nos intervalos. Com o tempo, foi ampliando o seu “negócio” e atuava também na barca que fazia o percurso até a Ilha de Paquetá e fez uma parceria com a Cervejaria Antártica passou a vender cervejas e refrigerantes, além de uma cartela de bingo através da qual o passageiro concorria a brindes. Sucesso absoluto.
E foi através da famosa cervejaria que Sílvio Santos migrou para São Paulo para trabalhar em bares, circos e caravanas de artistas, apresentando espetáculos e sorteios. Ganhou o apelido de “Peru que fala” e organizou o seu próprio grupo – a Caravana do Peru Falante – a qual percorria os bairros de São Paulo, cidades do interior e de fora do Estado.
Nesta época, a televisão estava em pleno auge e Sílvio Santos adaptou tudo que tinha aprendido em sua carreira mambembe em novos shows com apresentação de artistas – além dele próprio – e muitos sorteios. Aliás, esta seria a sua marca registrada, até hoje todos os seus programas contemplam alguma compensação para o público.
Praticamente na mesma época em que estreava na TV comprou o Baú da Felicidade e deu início a sua carreira de empresário; em meio à década de 1970 começou a sua saga para ter o seu próprio canal de televisão.
No ano de 1975 ganhou do Governo Federal a concessão da TVS e passou a atuar simultaneamente na TV Tupi e na TVS.
Em 1980, a TV Tupi saiu do ar e Sílvio Santos começou a mostrar o seu programa pela TV Record, da qual era dono de 50%, mas ele queria ter a sua própria rede de televisão.
A realização do sonho veio em 1981 quando obteve a licença para operar o Canal 4 em São Paulo, nascia o SBT – Sistema Brasileiro de Televisão – que rapidamente se expandiu com afiliadas em todo Brasil.
Sílvio Santos é conhecido também por administrar pessoalmente alguns setores de seus negócios, no SBT opina sobre tudo e sobre todos e a palavra final é sempre a sua, muitas vezes contrariando opiniões e soluções que seriam óbvias.
Quando o escândalo com o Banco Panamericano foi notícia, o Sílvio Santos empresário não mandou recados e nem representantes, ele mesmo foi a Brasília se entender com os interventores federais.
O grupo Sílvio Santos detém 37 empresas, com mais de 50 anos de atuação no mercado e empregando cerca de doze mil pessoas. Entre os negócios estão o Baú da Felicidade, o Banco Panamericano, a Liderança Capitalização, o Hotel Jequitimar, a Jequiti Cosméticos e ainda empreendimentos agropecuários e imobiliários.
Tai, a receita de sucesso de um dos homens mais conhecidos do povo brasileiro, ou talvez o homem mais conhecido do Brasil.
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