Andressa Aoki
Segundo a tradição circense, a única maneira de ser palhaço é nascer com um certo dom. Esta explicação se dá por causa da história do primeiro palhaço. Um certo dia em algum lugar do mundo acontecia um espetáculo de circo que estava atrasado, porque faltava um dos artistas. A plateia já gritava ansiosa. O dono do circo para aliviar a tensão jogou lá no meio do picadeiro um garoto, filho de um dos artistas que lá trabalhava. A plateia toda em silêncio e o menino sem saber o que fazer. De repende, ele todo atordoado, ao tentar dar meia volta para se esconder acabou tropeçando, caindo de cara no chão. A plateia foi ao delírio em suas gargalhadas, principlamente, ao ver o rosto do menino com seu nariz absurdamente vermelho. E é por isso que o nariz do palhaço é vermelho.
Dizem que quando o pai circense quer saber se filho é palhaço, o coloca no meio do picadeiro para ver como ele se sai. Se ele tira risos da plateia: é palhaço, se não, vai para outros caminhos do circo.
Álvaro Rovares, há 10 anos trabalha como ator, mas também tem o seu lado "palhaço". "Eu sabia da existência de um grupo que trabalhava com palhaço no hospital "Os Doutores da Graça" e algumas amigas minhas eram atrizes que faziam parte do grupo, Lucilene Land e Ester Alkimim. Em janeiro de 2004 a Lene me convidou para entrar no grupo no lugar da Ester, pois ela estava prestes a dar à luz. A princípio fiquei meio assustado com o convite, com medo do que e como seria 'ser palhaço', pois não tinha ideia da figura e nem como representá-lo, mas
como gosto de desafios, não resisti ao convite. Fiz um treinamento de três meses com Rafael de Aquino, diretor da Associação Doutores da Graça até hoje e daí surgiu o Salxixa", contou.
Salxixa tomou conta da vida de Álvaro. "A cada dia que foi passando foi aumentando a paixão por essa figura, várias visitas nos hospitais, várias apresentações, vários cursos, entre eles a primeira turma do "Palhaços em Rede" promovido pelos Doutores da Alegria de São Paulo durante o ano de 2007. Desde que comecei como palhaço visito os dois hospitais de Votuporanga duas vezes por semana", emendou.
Ele destacou que não é fácil ser palhaço. "Temos que saber onde pisamos, o que falamos, tudo necessita de um aprendizado. Na maioria das vezes as crianças nos recebem de braços e pernas esticadas. Os adultos também são apaixonados por essa figura, que talvez é simples, ou espalhafatosa demais, traz lembranças da infância. Mas também tem aquelas crianças e também adultos que nem olham, passamos despercebidos às vezes, talvez um trauma de infância, ou apenas não gostam, mas isso são apenas detalhes que passam por nós que até vira uma cena
no corredor, não deixamos nada abalar o nosso nariz vermelho, o nosso trunfo!", destacou. Para ele, há espaço garantido em Votuporanga. "Os palhaços estão por todos os lados, é só saber enxergar a alegria, o sorriso, o brilho nos olhos daqueles que só querem trazer risadas para melhorar o dia a dia de cada um. Em 2006 formei o grupo de teatro "Entre Aspas Cia. Teatral" com o intuito de trabalhar com a linguagem do palhaço. Deu certo e estamos até hoje produzindo sorrisos. Profissão? Sim, claro! Palhaço é profissão, por que não? Somos profissonais no que fazemos e sempre buscamos formas de dar um UP nessa figura que realmente todos se apaixonam", finalizou.
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