Da Redação
De um lado, o Rio Negro, lento, com águas escuras e ácidas. De outro, o Solimões, mais rápido, de águas barrentas. Perto de Manaus, no Amazonas, os rios unem-se numa paisagem fantástica. Por quase dez quilômetros, suas águas correm juntas, sem se misturar completamente. E deste encontro se forma o Rio Amazonas, que deságua no Oceano Atlântico.
Enquanto se percorrem os canais e igarapés do Negro, com águas marrom-escuras, e do Solimões, de correntes marrom-clara, as faces do mutável cenário amazônico vão se revelando.
A qualquer momento, pode-se esbarrar numa bela e inesperada paisagem, como um bosque de árvores semi-submersas, ou as ilhas de florestas das Anavilhanas, um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo, ou ainda o célebre encontro das águas dos dois rios. Numa região que mexeu com a imaginação de várias gerações de exploradores, o ser humano é confrontado com as regras do jogo imposto pela natureza. O implacável calor equatorial, as tempestades quase diárias, com horários imprevisíveis, o ritmo das secas e inundações e as nuvens de insetos fazem parte deste jogo.
Erguida à margem do Rio Negro, a cerca de dez quilômetros da confluência do Solimões, a cidade de Manaus é a porta de entrada para os mistérios dos dois rios. Fundada no Século XVII como um pequeno povoado de índios, conheceu o apogeu no fim Século XIX quando o mundo descobriu a existência de certa espécie de árvores que forneciam o látex, matéria prima usada na fabricação da borracha.
Este produto era exportado para vários países e o perfil da cidade mudou. Palacetes, pontes, avenidas e o famoso Teatro Amazonas foram construídos nesta época.
Infelizmente, os dias de glória não duraram muito. Seringais foram plantados na Malásia e os preços da borracha caíram muito no mercado internacional. Pouco a pouco, as mansões dos antigos barões da borracha foram abandonadas e hoje são ruínas nas margens dos rios.
Em 1967 aconteceu a abertura de uma área de comércio livre, dando origem a Zona Franca de Manaus, porém é no turismo que a Amazônia encontrou o seu filão mais lucrativo. Cada vez mais a floresta atrai batalhões de turistas estrangeiros, dispostos a gastar seus preciosos dólares.
E realmente vale a pena. O majestoso arquipélago das Anavilhanas ergue-se como um monumento sobre o leito escuro do rio. Chega-se até ele depois de quatro horas de viagem de barco, à partir de Manaus. As surpresas da viagem podem começar logo no início.
Não raro botos que medem até um metro e meio e pesam em torno de cinqüenta quilos aparecem para dar as boas-vindas. Muito simpáticos, muitas vezes acompanham a trajetória dos barcos, fazendo rápidas evoluções.
É difícil não se deslumbrar com a paisagem. Se o tempo está bom e não tem muitas
embarcações, a água parece um espelho escuro, refletindo com perfeição o verde exuberante das ilhas. As graciosas jaçanãs, aves com pernas compridas e penas em tons de amarelo e castanho avermelhado brincam aos pares entre a vegetação alagada.
Os hotéis de selva cada vez se aprimoram mais. Um dos mais famosos é o Ariaú Jungle Tower, localizado no Rio Ariaú, afluente do Rio Negro, é todo em madeira, com apartamentos protegidos por telas contra mosquitos e abastecidos com energia elétrica através de geradores movidos a óleo diesel. Astros de cinema costumam se hospedar no hotel. Tom Cruise já esteve por lá e comprovou que o Brasil não é feito só de Carnaval.
Nos hotéis de selva, o visitante também tem a oportunidade de ver de perto, entre outros animais e aves, macacos e bichos-preguiça que se deixam acariciar e alimentar pelos estranhos.
Na estação seca, as areias do fundo do Rio Negro afloram e surgem as praias, tão belas quanto temporárias. Entre junho e novembro, as chuvas são menos freqüentes e o nível dos rios baixa cerca de oito centímetros por dia. Nesta época surgem as belas praias do Rio Negro, algumas acessíveis somente por barco.
No final do ano chove intensamente e as areias claras desaparecem. Tudo submerge, menos as copas das árvores que são vivas testemunhas dos caprichos do clima.
O turista ainda pode desfrutar o calor da hospitalidade indígena no povoado de Cachiri, que ficam próximo ao Lago Ubim. As crianças ajudam a confeccionar e vender seu artesanato. São colares, pulseiras, máscaras e objetos de decoração feitos com matéria-prima local e sempre caem no gosto dos turistas, principalmente os estrangeiros.
Até aqui, você deve estar pensando que se trata de uma aula de Geografia, mas não é bem isso. O que se pretende é mostrar um pouco de uma das regiões mais belas e ricas do Brasil, que pode ser visitada por qualquer mortal. A região oferece completa infra-estrutura, assim como guias especializados, para receber o turista. Um grande número de estrangeiros, que podem ser pesquisadores ou simples visitantes, afluem para lá o ano todo. As agências de viagens possuem pacotes interessantíssimos. E os preços podem ser bem acessíveis.
Os pacotes turísticos oferecem cenas lendárias tais como piranhas fisgadas com anzol, jacarés focalizados à noite, sob a luz de lanternas, visitas às comunidades ribeirinhas e caminhadas na mata.
A única exigência: tem que gostar da natureza e saber respeitá-la. Caso contrário, nem se aventure por lá.
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