Da Redação
O Centro de Folclore e Cultura de Votuporanga, com o apoio da Secretaria da Educação, Cultura e Turismo e Capela Santos Reis, realiza hoje o XXVII Encontro Interestadual de Companhias de Santos Reis de Votuporanga. O evento acontecerá a partir das 10 horas, após a missa da Capela Santos Reis e contará com companhias de outros Estados, como Mato Grosso e Minas Gerais.
De acordo com o presidente do Centro de Folclore e Cultura, Nivaldo Antonio Pereira, o desfile das companhias acontecerá nos três arcos e após todas as companhias de Reis desfilarem haverá o agradecimento na Capela de Santos Reis.
Ainda segundo Nivaldo, estão confirmadas no evento duas Companhias Garça Branca; uma da Companhia Estrela de Belém (baiana), uma da Companhia Estrela de Natal; e uma Companhia Terno dos Reis (baiana). Farão parte também duas de Jales, uma de Estrela d´Oeste, uma de Fernandópolis, duas de Paulo de Faria e uma de Parisi. "Aguardamos aproximadamente de 20 a 30 folias de reis", disse.
O almoço terá início a partir das 11 horas, somente para as companhias. Em 2010, 23 folias de Reis participaram do evento. A expectativa de público para este ano é reunir cerca de três mil pessoas.
As companhias mostrarão um pouco da devoção aos Santos Reis, além de contarem e cantarem suas histórias de devoção. A Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil no século XVI. Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos “Santos Reis” e ao nascimento de Cristo, e essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos, em 6 de janeiro.
No século XIX a Folia de Reis se destacou e atualmente é realizada em muitas regiões do país, principalmente nos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás e São Paulo.
Festa de Reis no Brasil
No Brasil, principalmente no interior, acontecem os chamados Reisados ou Folias de Reis, festas folclóricas que receberam a influência das origens européias da celebração, mas que adotaram formas e expressões locais na música, na dança e nas orações, dependendo da região do país. Uma das festas culturais mais ricas do folclore brasileiro, acontece entre primeiro e seis de janeiro, quando as chamadas "companhias" vão de casa em casa cantar os seus versos acompanhados de violas, violões, sanfonas, pandeiros, triângulos, caixas e instrumentos de corda. Alguns vestem fardas e máscaras. O restante dos componentes usa uniforme, geralmente
calças e camisas sociais.
De porta em porta
O embaixador da companhia é responsável pela organização geral e pela bandeira. É ele quem cria, como um repentista, os versos principais, de acordo com a profecia, ou seja, de acordo com as passagens da viagem dos três reis magos até Belém, a história de Maria e São José e o nascimento do menino Jesus. As companhias vão de porta em porta durante os seis dias de festa. Segundo a tradição, os versos só podem ser cantados na casa da pessoa, que deve ter uma imagem do menino Jesus na manjedoura ou um presépio.
Aqueles que recebem a visita do Reisado em suas casas (representando a visita dos Reis Magos a Jesus) devem oferecer alguma comida a seus integrantes, que agradecem ao hospedeiro e seguem para o próximo destino. No dia de Reis, 6 de janeiro, a bandeira retorna à casa do embaixador.
Os palhaços são os personagens mais curiosos das Folias de Reis. Sempre mascarados e vestidos com roupas coloridas, seguram em suas mãos a espada ou facão de madeira, com os quais defendem a bandeira. Se houver um encontro de bandeiras o Bastião deve defendê-la, cruzando sua espada com outros Bastiões sem dó! É o Bastião quem recolhe as ofertas, anuncia a chegada da bandeira nas casas, pergunta se o dono da casa aceita a visita, descobre as ofertas escondidas, “quebra os atrapalhos”, utilizando de gestos ou cerimoniais feitos por quem conhece a tradição.
O Cruzeiro de Flores é uma destas tradições muito antigas e que são utilizadas para testar o conhecimento dos Bastões: trata-se de uma cruz montada no chão com flores, em frente à porta de entrada da casa do visitado. Ao deparar com o Cruzeiro, o Bastião, e muitos acreditam que somente ele, deve recitar “profecias”, ou versos secretos.
O cruzeiro é formado por quatro braços. Para cada um deles o Bastião deve recitar uma “profecia” decorada e tradicional. Conforme encerra uma profecia, o Bastião desmancha um dos braços do cruzeiro com a ponta do seu facão, até desfazê-lo ao todo. Somente depois disso é que a Companhia pode adentrar no recinto e cantar as toadas. Ao contrário das toadas cantadas pelo embaixador, que são de improviso, as “palavras” ou “profecias” ditas pelo Bastião são decoradas.