Mulheres agora trabalham fora, pagam as próprias contas, mas uma coisa não mudou: continuam gestoras da família e do lar, virando vítimas de uma síndrome de supermulher que, muitas, não conseguem sustentar. Será que não há algo errado nessa lógica?
Com baste na própria história, a jornalista Carin Rubenstein, pós-doutora em psicologia pela Universidade de Nova York, foi atrás de outros depoimentos e resolveu contestar essa liderança da mulher no cenário familiar.
Para ela, é preciso uma ruptura de valores nas relações entre casais. No livro "Livre-se da síndrome da superesposa" (Gente, 2010) ela explora o comportamento dessas mulheres que atraem tudo para si e deixam maridos e até filhos como coadjuvantes da vida em família.
Essas superesposas modernas não apenas cuidam da casa, mas acumulam uma série de funções. E escolhem o cardápio de casa com a mesma destreza que analisam um relatório no escritório. "Precisamos deixar de agir desse modo", afirmou Carin em entrevista.
A tão bem falada função multifacetada da mulher é contestada por ela na medida em que critica a ineficiência do maridão que se acomoda diante da superesposa e permite que ela defina tudo, desde a educação do filho até outras decisões que deveriam ser tomadas em conjunto. "Há um equívoco quando falamos sobre o casamento moderno: trata-se da expectativa comum de que as esposas precisam ser mais eficientes que os homens. Espera-se que elas se responsabilizem por tudo, saibam absolutamente tudo e estejam aptas a driblar qualquer adversidade", relata no livro.
A obra é baseada em pesquisa que abrangeu questionários e entrevistas com mais de 1500 pessoas. A partir dela, Carin definiu seis sinais que identificam essa tal superesposa e ainda os tipos de casamento, avaliando o comportamento dos maridos, frente à mulher que "está sempre certa". Também comenta sobra a vida sexual da superesposa, a maioria das vezes insatisfatória e, finalmente, ensina o que se deve fazer para resgatar o casamento desse tipo mulher. Nessa entrevista, ela adianta esses sinais - para você identifica já - e sugere que as mulheres tomem a
iniciativa. "Muitas esposas com este tipo de casamento querem muito mudar - só tem que mostrar para os maridos como fazê-lo", diz.
De acordo com a autora, é fácil identificar uma superesposa: ela faz várias coisas ao mesmo tempo, sacrifica projetos pessoais em função da família e faz questão de mostrar eficiência em todas atividades que exerce. A divisão de responsabilidades desigual, que ocorre independentemente da contribuição financeira da parceira na família, se explica pela diferença de como homens e mulheres vêem sua colaboração. 75% das esposas entrevistadas acreditam estar no controle familiar, enquanto 55% dos homens afirmam que sejam eles os responsáveis.
A habilidade de dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo está por trás da sobrecarga, defende Rubenstein no livro. “A mulher, tendo essa capacidade, vai absorvendo responsabilidades e o outro lado se acomoda”, diz a psicóloga Cecília Troiano, autora do livro “Vida de Equilibrista”. “O multitasking (capacidade de executar mais de uma tarefa ao mesmo tempo) é uma fonte grande de poder”, acrescenta. Para piorar, as mulheres tendem a ser impacientes e exigentes com a disponibilidade de colaboração do parceiro.
Segundo a autora da pesquisa sobre as superesposas, até mesmo as esposas Alfa, que sustentam financeiramente a família, se responsabilizam por sete entre dez das tarefas domésticas. “Para viver melhor, ela precisa mudar por dentro antes, porque a tendência de querer manter o lar funcionando perfeitamente sozinha é um patrulhamento interior”, diz Cecília.
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