Um filme brasileiro foi indicado como melhor documentário e pode ganhar o Oscar 2011. O brasileiro "Lixo Extraordinário" concorre na categoria. A direção é dividida entre a britânica Lucy Walker e os brasileiros João Jardim ("Pro Dia Nascer Feliz", "Janela da Alma") e Karen Harley.
Coprodução entre Brasil e Inglaterra, o filme registra o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário do mundo, na região metropolitana do Rio, e como a vida dos catadores foi afetada. Muniz é, talvez, o brasileiro mais badalado no universo das galerias e leilões internacionais, famoso principalmente por reproduzir pinturas consagradas com materiais inusitados – lixo, por exemplo. A princípio, "Lixo Extraordinário" seria sobre a obra do artista, mas, como ele próprio explica diante das câmeras, decidiu-se que
o espaço seria utilizado para documentar seu novo "trabalho social" (leia entrevista com Vik Muniz no Festival do Rio).
Apesar do sucesso do filme no circuito internacional – já ganhou prêmios de público em Sundance e Berlim –, João Jardim contou, que permanecia cético quando a uma indicação na Academia de Hollywood. “Os produtores estrangeiros estão fazendo uma campanha forte.
Acho muito difícil, mas tem uma chance pelo tema, que envolve meio ambiente e arte. Além disso, é muito emocionante para o público internacional. A gente está acostumado a ver aquelas pessoas morando no lixo, ao contrário dos estrangeiros.”
O diretor, que acabou se afastando do projeto por compromissos profissionais, concordou que a montagem de “Lixo Extraordinário” enaltece a figura de Muniz, rapaz humilde da periferia paulistana que, ao se mudar para Nova York, conquista o sucesso e volta para ajudar os necessitados. “Isso é coisa do produtor”, explicou Jardim. “O projeto era fazer o filme ter sucesso, se comunicar, e aí precisava de um protagonista forte, de um herói. 'Lixo' tem a curva dramática de um filme de ficção e essa construção é muito eficaz. Do ponto de vista autoral, de uma obra de arte, pode ser questionável, mas acho o filme bom, tem muito valor.”
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