Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Os famosos apelidinhos no período escolar sempre ocorreram. Risadinhas, empurrões, fofocas, chamamentos como “bola”, “rolha de poço”, “quatro-olhos”. Todo mundo já testemunhou uma dessas “brincadeirinhas” ou foi vítima delas. Mas esse comportamento está longe de ser inocente. Ele é tão comum entre crianças e adolescentes que recebe até um nome especial: bullying.
E isso não deve ser encarado como brincadeira de criança. Especialistas revelam que esse fenômeno, que acontece no mundo todo, pode provocar nas vítimas desde diminuição na autoestima até o suicídio. "A princípio é preciso dar ênfase de como é prejudicial para a vida de uma pessoa que participa deste processo, onde é causado sofrimento e em muitos casos até danos psicológicos para a vítima e que os traumas causados podem se alastrar por toda sua vida", alega o professor Seminário Propedêutico S.J. Rio Preto, Lucas Brassalotti, palestrante e consultor educacional "ONG Um Milhão de Amigos".
Lucas enfatizou que o processo foi identificado pelo Dr. Dan Olweus, pioneiro nos estudos sobre bullying que ocorre geralmente nas escolas e são extremamente prejudiciais para a vida das vítimas. "São ações agressivas/intimidação feitas de forma intencional e repetidamente: as agressões pode ser verbal (insultar, ofender, falar mal, "zoar", xingar, apelidos pejorativos) ou física (bater, empurrar, beliscar, roubar, destruir pertences) realizadas por alunos mais fortes e/ou mais populares agredindo alunos mais tímidos ou desprotegidos. Tais ações também podem ser de caráter psicológico (humilhar, excluir, discriminar, chantagem, intimidação) ou violência sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar). E nos últimos tempos com os avanços tecnológicos e internet surge o "cyberbullying", aonde são utilizados os sistemas de comunicação digitais e sites de relacionamento social para as ações agressivas", destacou.
O bullyng é um termo inglês cuja tradução para o português deu-se como "fortão/valentão", explicando parte do processo onde os alunos mais fortes terão maior facilidade para realizar a agressão/intimidação "em cima" de outros alunos consideramos mais "fracos" por estes não terem como se defenderem. "Este acontecimento na vida de uma pessoa poderá refletir de diversas maneiras, desde desinteresse pelos estudos até casos que as vitimas atentaram contra suas próprias vidas. Em recente cartilha do Projeto Justiça nas Escolas é citado entre outras
conseqüências: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas
comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada", ressaltou.
Bullying entre adolescentes
O bullying pode ocorrer de diversas maneiras e diversas idades, sempre identificado nas relações entre os adolescentes e jovens. "As idades que encontramos maior ocorrência são entre os 12 e 15 anos por ser a idade em que geralmente ocorre maior interação dos adolescentes com a sociedade, com outros adolescentes na escola. É neste momento que as diferenças são expostas. Então na escola o contato com outros jovens, é também o contato com outras realidades é neste local que as interações ocorrerão de modo que os alunos se aceitem ou se estranhem, desta maneira os alunos tendem a se organizar em grupos que são parecidos ou que se dão bem e sempre que alguns se unem ocorre a exclusão de outros, onde também surgirão também as diferenças e os possíveis conflitos. Aqui vale ressaltar que este é um acontecimento natural e que nem todas as ações agressivas podem ser consideradas como bullying, mas nesta formação de grupos é um dos momentos que deve-se maior atenção por ser um cenário onde está propicio brincadeiras", argumentou o professor.
Ele pediu que pais e responsáveis estejam sempre alertas e acompanhando ao máximo a vida escolar de seus filhos." Os pais devem ter atenção redobrada, apesar da escola ser o local de incidência o leito familiar ainda é local que os filhos aprendem a lidar com as diferenças. É o primeiro exemplo que terão de como reagir (pacífico ou violento) nas situações vividas. E o mais importante de todas o leito família é o lugar onde vítimas devem encontrar apoio e orientação para superar as dificuldades, por mais que os profissionais da escola estejam capacitados em casa ainda é o lugar aonde as vítimas mais dão "avisos" de que estão sofrendo", emendou.
Vale dizer que o bullying necessita de maior discussão e maior envolvimento de todos os setores da sociedade. Nos trabalhos realizados em conjuntos com a "ONG Um Milhão de Amigos", foram encontradas inúmeras oportunidades de ajudar tanto vítimas quanto agressores, pois todos os personagens que participam do bullying necessitam de cuidados e ações que lhes ajudem." Junto as oportunidades tivemos contato com notícias de alunos que vitimados tiveram situações trágicas em suas vidas, em contrapartida já vivenciamos situações de sucesso que ações e projetos de intervenção ajudaram a melhorar escolas inteiras. Cabe ressaltar a necessidade de divulgar e apoiar os trabalhos que incidem em melhoras na sociedade, que trazem projetos que estão dando certo. E intensificar a ideia de que trabalhar em boas ações, trabalhar pelo bem sempre trarão bons frutos e ótimos resultados para o futuro", enfatizou Lucas.
Cyberbullying
A Seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto Mackenzie estão lançando uma cartilha sobre o uso da internet para a família. Os temas escolhidos explicam como explorar a rede mundial de computadores de maneira segura. Liberdade de expressão, crimes de preconceito, responsabilidade civil, denúncia, privacidade, crimes na internet, cyberbullying, direito autoral e pornografia infantil são alguns dos tópicos da cartilha, com dicas para usar sem medo.
"A internet ajudou a disseminar essa prática, porque passa a falsa impressão de anonimato. As pessoas que praticam esses atos fazem uso de avatares e falsos perfis para não assumir as consequências de seus atos. Todo cuidado é pouco quando o assunto é internet e o seu universo de redes sociais. Atraídos pela interatividade oferecida por elas, muitos jovens podem estar à mercê do bullying virtual, também chamado de cyberbullying e online bullying. Os termos se referem às ofensas, xingamentos e brincadeiras de mal gosto feitas por meio da internet", afirmou o presidente da OAB de Votuporanga, Carlos Roberto de Biazi. Ele ressaltou que dependendo do caso, o autor dos comentários pode ser punido com multa e até mesmo ir para a prisão.
Leia na íntegra a versão online