Pedagogo fala sobre o filme “Escritores da Liberdade”, que conta a história real da professora Erin Gruwell
Da Redação
Todas as vezes que assistimos a um filme, mesmo que seja num momento de entretenimento e lazer, vamos nos deparar com histórias que retratam situações
desafiadoras, dramas a serem vencidos e lições a serem aprendidas. O cinema, desde a sua criação, vem retratando realidades a serem vivenciadas, mesmo quando o filme é uma ficção, algo que não é “tão real”.
São dramas familiares, entre amigos, situações que relatam a busca pela identidade e pela felicidade, dificuldades diversas e as indecisões nas escolhas e atitudes que devem ser tomadas para se chegar ao final feliz. Na verdade, em todo filme essa é a grande questão: chegar a um final feliz. "Olhando a nossa vida e fazendo uma breve reflexão, podemos muitas vezes nos enxergar no filme que assistimos, podemos nos ver vivendo as situações no lugar das personagens, bem como nos colocar no lugar delas, passando a refletir qual seria nossa atitude se estivéssemos passando por determinada situação, drama ou desafio. Outras vezes, as personagens e seus dramas desafiadores são tão reais que chegam a parecer conosco e com nossa vida e, a partir de suas histórias, encontramos respostas, conforto e muitas vezes soluções para nossa própria história. Assim como nos filmes, nós lutamos por um final feliz, ainda que avida seja feita de muitos finais e recomeços", afirma o pedagogo Júnior Silveira.
Ele destacou que como educador, diariamente se depara nas salas de aula com
histórias dignas de cinema. "Na verdade, todo professor ou profissional na área da educação poderia escrever um verdadeiro roteiro cinematográfico, uma vez que todos os dias vivenciamos um desafio de cinema. Ao entrar pelos portões de uma escola, encontramos ali crianças que são vítimas de sua própria existência. Alunos que são vítimas do descaso social, da violência, vítimas até mesmo de suas próprias famílias. São crianças que crescem todos os dias assistindo de olhos bem abertos a todo o caos estabelecido numa sociedade que a cada dia perde os valores do amor, da família e da educação. Crianças que ainda tão novas já perderam sua inocência e que têm sua identidade violada", disse.
Júnior ressaltou que já foi espectador de histórias que são verdadeiras comédias. "As crianças enchem nossos olhos de alegria e nos surpreendem com sua espontaneidade, criando situações que nos arrancam risos. Crianças são surpreendentes, como os filmes; são seres inspiradores e envolventes. Eu gostaria de poder escrever que eu nunca vi numa sala de aula um drama ou um terror, mas, infelizmente, mesmo eles sendo tão novos já têm em suas vidas cargas suficientes pra um filme de drama e, muitas vezes, até mesmo de terror", complementou.
Como chegar ao final feliz? Seria isso possível? Ou um final feliz só acontece em
histórias de cinema? Como alguém, enquanto educador, pode contribuir para que a vida dos seus alunos siga um caminho até um final que faça com que a plateia aplauda de pé? Como colaborar com o “roteiro” da vida desses alunos? O que pode fazer um educador para “dirigir” a vida desses pequenos “protagonistas” a um final feliz, digno de filmes de cinema? Como fazer da vida do nosso aluno um espetáculo?
O filme
O filme “Escritores da Liberdade” (Freedom Writers - EUA/Alemanha 2007) conta a história real da professora Erin Gruwell, uma história de vida que mostra como as palavras podem libertar as pessoas e de como a educação, a cultura, o incentivo, a dedicação e o conhecimento são bases para que um mundo melhor aconteça e de fato se estabeleça.
Este filme é baseado em fatos reais e conta a história da professora Erin Gruwell ao começar a lecionar a turma 203 do 2º grau no Colégio Wilson. Após sua primeira aula, Erin percebe que a educação naquela escola não era como ela tinha imaginado. Sua turma, assim como toda a escola, é heterogênea, dividida em gangues e etnias, ocorrendo, então, muitas desavenças e brigas violentas. Mesmo um pouco decepcionada ao descobrir o desinteresse dos alunos pela aula, ela não desiste de tentar superar as barreiras ali encontradas. A professora G, como também era chamada pelos alunos, começa a utilizar características comuns às vidas deles para lhes ensinar a matéria, fazendo com que eles se interessem um pouco mais. Também faz algumas atividades que acabam tocando suas consciências.
Um dos projetos de Erin era que seus alunos lessem “O Diário de Anne Frank” e que, após a leitura, fizessem seu próprio diário, contando tudo que quisessem: seus sentimentos, pensamentos, o que já havia se passado na vida deles, o que sonhavam.
Ao ler seus diários, Erin apenas reforçou sua decisão de não desistir de seus alunos. Quando soube que a escola não emprestaria os livros aos alunos, arrumou um segundo emprego para poder comprar os livros para sua turma. Depois de lerem “O Diário de Anne Frank”, a professora G pediu, como trabalho sobre a leitura, que escrevessem uma carta para Miep Gies, a mulher que havia protegido Anne Frank, falando sobre o que acharam do livro. Os alunos, empolgados, têm a ideia de realmente mandar estas cartas. Assim, eles mesmos angariam fundos para pagar todas as despesas que haveria. Foi estudando a história do holocausto que a turma 203 passou de guetos para uma única família sem preconceitos, onde se sentiam bem e felizes.