Andressa Aoki
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Ter um lar cristão é um desafio de todos. A escritora espírita e oradora Alcione Peixoto estará hoje, a partir das 10 horas, no Grupo Espírita Maria de Nazaré, para dar testemunhos sobre o Lar do Peixotinho, seu pai. "Era um lar tão cristão e hoje em dia as pessoas acham que o cristianismo como Cristo ensinou é impossível, porque somos egoístas. Quero mostrar que é possível viver em período integral", disse, em entrevista à Rádio Cidade.
Esta é a segunda vez que a escritora profere palestra na cidade. "Estive aqui no ano passado, pela primeira vez. Conheci o Divaldinho [Divaldo de Matos de Oliveira] por nome lá em Portugal. Ele é muito querido e amado lá naquele país e eu ouvia falar dele", contou.
Alcione destacou que as pessoas têm muita curiosidade acerca da mediunidade do pai dela, que foi um trabalhador da área de efeitos físicos. "Foi um médium
considerado dos maiores e, por ele, os espíritos se materializavam e se tornavam visíveis a todas as pessoas e operavam em tratamentos médicos. A mediunidade só foi utilizada para tratamentos médicos. Ele nasceu em 1905 e desencarnou em 1966. Às vezes, eu lastimo muito que as curiosidades maiores girem em torno desta área, mas ele foi um trabalhador do amor na Terra. O que eu recebi de melhor no berço que me acolheu na Terra, foram os exemplos de um casal que viveu a favor do próximo. A casa que se abria a todas as criaturas dia e noite. Isso é a minha riqueza", enfatizou.
A convidada escreveu os livros Mudança de Hábitos, A mulher no Evangelho, Evangelho - Conversão e cura e Histórias reais do Lar do Peixotinho. "Foram lançados em épocas diferentes. Quando eu sofro, eu produzo mais. No primeiro livro, eu era uma rebelde que veio depois da morte de uma filha aos 17 anos, em um desastre de carro. A capa foi feita por um filho que era design gráfico. No
segundo, ele havia desencarnado em um desastre de moto. O primeiro é o diálogo de Jesus com as mulheres, trazendo para os dias atuais, essa conversa. O segundo é o encontro de Jesus com a dor dos homens, daqueles que foram curados e os doentes de alma. O terceiro é um livro que condensa artigos que escrevo na Revista Espírita", explicou.
Perda dos filhos
A escritora falou que aprendeu com a perda dos filhos, vivendo toda a dor. "Todos os caminhos que nos abre na vida são abertos com experiência da dor. Tudo sofre, vegetal, mineral, todos sofremos. Este é o planeta do sofrimento. Antes de perder um filho, eu tinha mil palavras para dizer às criaturas que viviam esta dor, depois que eu os perdi, simplesmente vou ao Cemitério, abraço-os e oro. É uma dor que permanece, sem cura. Chico Xavier disse uma vez que um dia a ciência ia descobrir os meandros que fazem essa relação de mãe e filho e a gente ia saber por que a morte de um filho é uma dor sem cura. O que eu aprendi na dor é que na hora que a depressão vinha chegando e a cena do caixão de um filho deitado pálido, sem vida, é difícil de tirar os olhos", contou.
Alcione disse que tomava banhos para se acalmar. "Eu tomava muitos banhos por dia e orava no chuveiro, chamando Jesus para me abençoar. A água é abençoada,
porque me banhava e saía de lá melhor. Tinha dia que tomava 12 banhos, porque na hora que a dor ia chegando, eu ia tomar banho", afirmou.
Ela falou de um trecho de seu livro A mulher no Evangelho. "Eu abri pela manhã porque o dia seguinte da morte, que é horrível, e me deparei com um texto escrito
por mim que diz que quando Madalena desvia o olhar do Cristo morto, se depara o Cristo vivo. Essa cena de Madalena desviando o olhar foi a minha grande bênção para o dia seguinte. Tinha que tirar do meu olhar, da minha lembrança, de ficar velando o filho no Cemitério. Tinha que deixar o passado e abrir o meu pensamento e ir à luta", destacou.
Sobre como espíritas lidam com a morte, a escritora disse que quanto mais sensível a alma, maior o sofrimento. "A vida aqui é passageira e não se extingue.
Eu não amava o corpo, mas a alma dos meus filhos, de cada um deles. Toda morte deixa culpa na família e muda o comportamento. Fiz entrevista com diversas mães que perderam filhos para um seminário e todos falam da culpa. A minha filha saiu para uma viagem na fazenda do noivo e eu segurava nas mãos dela para que não fosse e ela rebeldemente foi. Era o dia dela", disse.
Alcione frisou que chegamos no mundo com um prazo que pode ser esticado por um tempo a mais de pessoas em benefício das pessoas que são socorridas por aquela pessoa. "Quem trabalha como Divaldinho e é importante, pode receber do alto sem que peça, um tempo a mais pela necessidade das pessoas e do lugar. Os que abusam do corpo, podem morrer mais cedo", orientou.
Para Divaldinho, a professora Alcione é uma trabalhadora incansável do bem, filha de um grande médium de efeitos físicos, o Peixotinho. "Ela está operando prodígios porque aprendera com Peixotinho as lições do Evangelho de Jesus Cristo", concluiu.