Francisco
Cuoco retorna à televisão revivendo um antigo sucesso, a novela “O Astro”. No
entanto, nesta espécie de remake que a Globo estreou na semana passada, o ator
está na pele do enigmático Ferragus, um homem misterioso, que confunde o
público, não se sabe ao certo se ele é um paranormal ou se não passa mesmo de
um trambiqueiro. Quem acompanha a “novela das onze” já viu que será Herculano
Quintanilha, desta vez interpretado por Rodrigo Lombardi quem vai se dar bem
com os truques ensinados por Ferragus.
Ainda
sobre “O Astro”, não se pode negar que Herculano Quintanilha foi um dos
melhores trabalhos de Francisco Cuoco na década de 1970, por isso é que o ator
não poderia ficar de fora desta nova produção, mesmo que seja na pele de outro
personagem, mas que ao longo da história vai se transformar uma espécie de
alter ego de Herculano.
Francisco
Cuoco nasceu em 1933, na cidade de São Paulo e viveu grande parte de sua vida
no bairro do Brás; começou sua carreira artística nos palcos, em 1955, logo
depois estreou no cinema, com filme “Grande Sertões Veredas” em 1960. Em seu
currículo contam-se vinte e seis peças de teatros e cinquenta e duas produções,
entre novelas e minisséries, sendo que mais de trinta delas foram na Globo,
emissora na qual atua até hoje. Por muitos anos, foi considerado galã de
novelas, mas temos que admitir que, do alto dos seus 78 anos de idade,
Francisco Cuoco ainda esbanja o maior charme.
Um
dos últimos trabalhos do ator foi fazer o Olavo, em “Passione”, e ele deu um
verdadeiro show ao lado de Irene Ravache, que era sua mulher na trama, a
aspirante a socialite Clô Souza e Silva. Inesquecível o trabalho destes dois
atores.
Francisco
Cuoco sempre pensou em ser ator, e nunca nem cogitou em seguir outra profissão.
Ele buscou aprender a arte, fez curso de Interpretação na Escola de Artes
Dramáticas, em São Paulo e estreou na televisão na novela “Pouco Amor Não é
Amor”, em 1963, quando ainda não existia o vídeo-tape; as novelas e demais programas eram exibidos
ao vivo. Lembrando aquela época, Francisco Cuoco gosta de contar suas
histórias. “Quando fazíamos ao vivo, eu trabalhava com a companhia de Fernanda
Montenegro e do Sérgio Britto que tinham um teatro de repertório de terça à
domingo. E, de tarde, ensaiávamos a peça que iria substituir a da noite. Depois
do espetáculo, preparávamos, por cinco dias, pelo menos, o teatro televisado
que faríamos na segunda-feira, ao vivo. Havia tempo de decorar, marcação,
discutíamos se estávamos lidando com Dostoievski, Nelson Rodrigues ou Becckett,
mais complicado e abstrato. Ou alguma coisa de vanguarda. Tínhamos este tempo e
essa tranquilidade”, revela.
Alguns
dos personagens de maior destaque na carreira de Francisco Cuoco e que seus fãs
lembram como se fosse hoje são: Cristiano Vilhena, de “Selva de Pedra”; Carlão,
de “Pecado Capital” (primeira versão); Herculano Quintanilha, de “O Astro”;
Tião Bento, de “Sétimo Céu”; Lucas Cantomaia, de “Eu Prometo”; o peão Higino,
em “América”; e Pai Galdêncio, em “Da Cor do Pecado”.
Na
Globo, na qual é contratado há mais de
30 anos, fazendo parte do primeiro escalão do casting da emissora,
Francisco Cuoco também participou de grandes clássicos da televisão brasileira,
tais como: “O Semideus”, “O Salvador da Pátria”, “Tropicaliente” e “A Próxima
Vítima”.
Mas
engana-se quem pensa que Francisco Cuoco, em sua trajetória, artística só
trabalhou na Globo. Ele mesmo já afirmou que passou por várias emissoras,
inclusive as que já encerraram suas transmissões, tais como TV Tupi e
Excelsior.
Quanto
aos galãs da nova geração, Cuoco dá o maior apoio. “Acho que no momento é a
vez, para esses papéis, do Rodrigo Lombardi, do Reynaldo Gianecchini, do Thiago
Lacerda, do Fábio Assunção, do Marcello Anthony, talentos assim que percebo que
são pessoas preocupadas em crescer, aprender e estão bem encaminhadas. E para
os atores de vanguarda, o companheiro Francisco Cuoco também deixa um recado.
“E a vantagem em trabalhar como ator é que com 60 ou 70 anos você tem papéis,
em novela ou teatro, que são maravilhosos. Procuro me adaptar ao meu tempo, sem
nenhuma nostalgia porque não resolve nada. Olho para trás e vejo que aquele foi
um tempo muito bem aproveitado, mas agora é um tempo diferente... Você pode
namorar uma garota de 20 anos, mas tem que saber que tem 60”, conclui o ator.
Assim
é Francisco Cuoco, um dos grandes profissionais da dramaturgia brasileira.
Sempre muito discreto, nunca misturou a sua vida pessoal com a vida
profissional. Já foi casado, mas não gosta de falar sobre assuntos pessoais,
sempre preservando a sua família.
Bonito é o respeito que o ator conquistou, tanto do
público como da imprensa, sempre teve seu espaço preservado e certamente faz
parte da história artística do Brasil