Quando a Globo anunciou o remake, simplesmente chamou de “O Astro”, sem rotular. Depois a
produção passou a ser chamada de minissérie e, finalmente, às vésperas de
estrear, a emissora assumiu que se trata da “novela das onze”, inaugurando
assim mais uma faixa horária para seus folhetins.
No final da década de 70, Janete Clair escreveu “O
Astro”, com um enredo e personagens instigantes. A trama teve como
protagonistas nomes como Francisco Cuoco, Dina Sfat, Tony Ramos e Thereza
Rachel e abordou temas de vanguarda para a época, tais como homossexualidade,
drogas e o envolvimento de uma mulher madura com um homem mais novo.
Agora, comemorando os 60 anos da teledramaturgia no
Brasil, pelas mãos de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, a história ganhou
uma repaginada e promete o mesmo sucesso anterior, estreando no próximo dia 12,
na telinha global.
Como não poderia deixar de ser, Francisco Cuoco
continua na trama, desta vez na pele de Ferragus, o mentor e alter ego de
Herculano Quintanilha, interpretado por Rodrigo Lombardi.
Tudo começa em Bom Jesus do Rio Claro onde
Herculano Quintanilha tem uma loja de miudezas, eterno sonhador, ele quer uma
vida melhor. O ano é 2002, em plena Copa
do Mundo, a pequenina cidade não comporta as ambições de Herculano, que põe em
prática um plano que é um primor de vigarice: arrecadar donativos para a
reforma da Igreja Matriz e superfaturar a obra. O esquema é um sucesso.
Herculano se vale da confiança do pároco Frei Laurindo (Sérgio Mamberti) e
consegue que a cidade toda dê quantias substanciais para os reparos. Herculano,
porém, nem imagina o que Neco (Humberto Martins), seu parceiro, é capaz de fazer.
No dia da fuga dos cúmplices, Neco se adianta e dá um golpe dentro do golpe.
Herculano avista o amigo deixando a cidade em sua caminhonete, levando não
apenas o dinheiro, mas seus sonhos. Neco deixa o parceiro em um beco sem saída:
depois de correr da população da cidade, ávida por vingança, Herculano se
entrega, é preso e condenado.
Na prisão estadual ele fica desesperado e conhece
Ferragusum sujeito enigmático que está preso há 15 anos. Eles se aproximam e
Ferragus começa a ensinar a Herculano a arte do ilusionismo. No final do
“curso” Herculano ganha de presente do seu mestre ametista falsa, da qual ele
jamais vai se separar.
Oito anos se passam, Herculano ganha a liberdade e
aparece no palco da casa de shows Kosmos, num sobrado da Lapa, bairro boêmio do
Rio de Janeiro. Ele agora é o Professor Astro, a principal atração de
ilusionismo e telepatia. Na cabeça, um turbante, e, no centro do artefato,
tilinta sua ametista. Ao lado dele, Valéria (Ellen Roche), sua ajudante
hipnotizante. Essa é a nova vida de Herculano.
É uma dessas apresentações que vai mudar
radicalmente a sua vida quando ele conhece Amanda Mello Assunção (Carolina
Ferraz), herdeira de uma construtora falida. A paixão é imediata, mas
enfrentará muitos obstáculos.
Outro eixo da trama será a família Hayalla, cujo
patriarca e o ex-mascate Salomão Hayalla. Durante o evento de inauguração de
mais um supermercado da rede, Márcio Hayalla (Thiago Fragoso) distribui
dinheiro ao povo que invade o sofisticado estabelecimento e compra tudo o que
podem pagar com a quantia que ganharam. Márcio não consegue entender o pai,
Salomão Hayalla que é um homem honesto, mas valoriza demais o dinheiro. Os dois
vivem brigando até que a situação chega a um limite: Márcio abandona a casa e é
interditado pelo pai, ou seja, não poderá herdar a fortuna e os negócios da
família. Além disso, Salomão interna o filho numa clínica psiquiátrica, mas o
rapaz foge e passa a viver na rua, para desespero de sua mãe, Clô Hayalla
(Regina Duarte).
Dias depois da fuga, com muita fome, não tem
dinheiro nem para um salgado. Herculano vê a cena, se compadece e manda trazer
comida para Márcio. Não tem a menor ideia de quem seja ele, mas Márcio desperta
em Herculano o seu lado bom. É o acaso que patrocinará este encontro. Uma
afinidade tão poderosa que parece provocada por um feitiço. Herculano acolhe
Márcio em sua casa e, através da sua amizade com o herdeiro, se aproximará
futuramente da família Hayalla, até se tornar admirado por todos. Ou quase
todos.
Herculano descobre a verdadeira identidade de seu
amigo Márcio e tenta reaproximá-lo da família, conquistando aos poucos a
confiança dos Hayalla. A família, por fim, acredita em Herculano e pede que ele
impeça Márcio de viver com os missionários, conforme os planos do rapaz. Herculano,
sempre jogando, diz que podem contar com ele.
Enquanto isso, na mansão dos Hayalla, Salomão
descobre que Clô e Felipe (Henri Castelli) são amantes. Felipe é filho de
Nelson Cerqueira (Celso Frateschi), amigo de Salomão e um dos diretores da Construtora
Mello Assunção, da família de Amanda. Felipe foi amigo de adolescência de
Márcio, até se ligar a um grupo de jovens delinquentes de classe alta. Felipe
se aproximou de Clô de olho em sua fortuna. Mas ela não sabe.
Diante da catástrofe econômica de sua família,
Amanda pede a Nelson que consiga dinheiro emprestado com Salomão. Samir Hayalla
(Marco Ricca), irmão de Salomão, vê nisso a grande oportunidade de se casar com
Amanda. Pede que o irmão negue o empréstimo, pois assim terá Amanda em suas
mãos. Mas, quando Cerqueira faz o pedido, Salomão concorda em ajudá-lo, desde
que Cerqueira envie Felipe para fora do país.
Secretamente, Felipe volta ao Brasil e passa a
exigir que Clô roube os documentos que o incriminam e que estão no cofre de
Salomão Hayalla. Clô aproveita uma ausência do marido e consegue pegar o dossiê
no cofre. Na mesma noite, Salomão é encontrado morto, assassinado em
circunstâncias misteriosas. A investigação policial toma conta da trama.
Diversos são os possíveis assassinos, todos com motivos para matar o
empresário.
Quanto ao final dessa história, não se sabe se os
autores Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro mudaram o rumo de alguns
personagens. Só mesmo assistindo, para conferir.