Interpretando uma mulher aparentemente fútil, a atriz poderá transformar-se numa grande vilã no final da história
Regina Duarte será sempre a “Namoradinha do
Brasil”, título que ganhou em 1971 quando protagonizou a novela “Minha Doce
Namorada” ao lado do ator Cláudio Marzo. É bem verdade que a teledramaturgia
brasileira evoluiu muito desde então e Regina interpretou diferentes papéis,
sendo que alguns deles se transformaram em marcos em sua carreira. A atriz
amadureceu, assim como as suas personagens.
Atualmente, no especial “O Astro”, Regina Duarte está
na pele de Clô Hayalla, uma mulher que nem de longe se parece com doce a Patrícia
que lhe rendeu o título, o qual perdurou através dos anos.
Clô é uma mulher forte e que nunca se deixou
abater, mas o aparentemente descaso do marido, Salomão Hayalla (Daniel Filho) e
os problemas familiares, transformaram-na numa presa fácil para o esperto
Felipe Cerqueira (Henri Castelli).
Completamente apaixonada pelo pilantra, Clô Hayalla
poderá se tornar a principal suspeita no assassinato de seu marido, com quem
ela está em processo de divórcio.
Nos próximos capítulos, Salomão pedirá ao seu
advogado que refaça o testamento e exclua a mulher de sua herança, deixando-lhe
apenas o que faculta a lei.
Na versão original de “O Astro”, o assassino de
Salomão Hayalla era Felipe Cerqueira, interpretado por Edwin Luisi, mas na
produção atual há quem jure que os autores Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro
estariam preparando uma surpresa para o público mudando o desfecho da trama.
Dessa maneira, não se descarta a possibilidade de Regina Duarte estar vivendo
uma das primeiras vilãs de sua carreira, uma vez que sempre interpretou
mulheres que se tornaram heroínas no final da história, fazendo-se uma exceção
à Helena, de “Por Amor”, que trocou seu filho pelo neto que morrera no parto, a
fim de não negar a filha Maria Eduarda, coincidentemente vivida por Gabriela
Duarte sua filha na vida real, a alegria de ser mãe. Esta Helena de Manoel
Carlos não chegou a ser exatamente uma vilã, mas foi punida por ter enganado o
seu grande amor, Atílio, papel de Antonio Fagundes.
Regina Duarte nasceu na cidade de Franca, interior
de São Paulo, em 05 de fevereiro de 1947 e quando completou oito anos de idade,
a família composta pelo pai, a mãe e mais cinco irmãos mudou-se para Campinas,
buscando uma vida melhor. Foram tempos difíceis.
A inclinação para a carreira artística deu sinais
logo na adolescência, sendo que aos 14 anos Regina Duarte ingressou no TEC –
Teatro Estudantil de Campinas – como atriz amadora; estreou interpretando o
Palhaço, na peça “O Auto da Compadecida”, depois fez “Pluft, o Fantasminha” e
algumas outras produções. Ela tomou gosto e decidiu o seu futuro.
No ano de 1964, começou a participar de campanhas
publicitárias, fazendo propagando de sorvete e refrigerante. Paralelamente às
dificuldades de início de carreira, procurou aprender mais; frequentou aulas de
balé, fez curso de declamação e curso de interpretação. Ela chegou a
matricular-se na Faculdade de Comunicação, na USP, mas desistiu quando foi
convidada para estrelar a novela “Vende-se Um Véu de Noiva”, na Globo, em 1969.
Antes, ela tinha feito “A Deusa Vencida”, na extinta TV Excelsior e “A Megera
Domada”, no teatro. Foi aí que a carreira deslanchou.
Logo depois que fez a novela “Minha Doce Namorada”,
Regina foi convidada para estrelar o espetáculo “Hair”, mas ela recusou-se,
pois teria que ficar nua no palco. No entanto, praticamente cinco anos depois,
fez um ensaio sensual para a revista “Playboy”.
Somente na televisão, a atriz participou de
quarenta e três produções; no cinema foram treze filmes e no teatro, dez peças.
Regina Duarte acompanhou a história da teledramaturgia no Brasil, sendo que os
seus papéis são inesquecíveis, no entanto, cabe citar Simone Marques/Rosana
Reis, em “Selva de Pedra” (1972); Nina, em “Nina” (1977); Malu, em “Malu Mulher”,
um marco na carreira da atriz porque o seriado ousou discutir assuntos como
separação, orgasmo, masturbação e homossexualismo (1979); a lendária Viúva
Porcina, em “Roque Santeiro” (1985); Maria do Carmo, em “Rainha da Sucata”
(1990); a personagem real “Chiquinha Gonzaga, no minissérie de mesmo nome em
1999, entre tantas outras, sendo que Regina é a atriz que mais interpretou
Helenas, do autor Manoel Carlos. O último trabalho em novelas foi no ano
passado, em “Araguaia” na qual Regina apareceu como Antoninha, caracterizada
como uma anciã que morre nos primeiros capítulos, mas que é todo o fio condutor
da trama.
Sempre muito discreta, Regina Duarte parece avessa
às badalações. A atriz tem três filhos, sendo que apenas uma, Gabriela Duarte
seguiu a carreira artística sendo que as duas atuaram juntas em “Por Amor” e na
minissérie “Chiquinha Gonzaga”, na qual Gabriela fez a protagonista quando
jovem.
Atualmente, Regina Duarte é casada com o pecuarista
Eduardo Lippincott e prefere não comentar a sua vida pessoal.