Seja ao completar 18 anos ou na terceira idade, a primeira tatuagem vem sempre com um frio na barriga. Como saber se está fazendo tudo certo? Tatuadores experientes dão dicas de como se preparar para a primeira – e para as próximas -- e evitar arrependimentos.
Onde fazer e o que tatuar?
O tatuador Janser, da Good Luck Tattoo, é categórico: “A escolha da sua tatuagem vai determinar suas chances de felicidade”. Exageros à parte, ele explica que é preciso saber o que se quer da vida para escolher a tatuagem que vai acompanhar nos acompanhar. “O local tem que coincidir com o que a pessoa tem em mente na vida. Se ela trabalha no ramo financeiro, não adianta a tatuagem ser mais exposta, no pescoço. Um médico fazer uma caveira com uma faca cravada pode não passar muita segurança para os pacientes”, brinca Janser.
Referências ajudam o tatuador a entender exatamente o que o cliente quer. Mas o pulo do gato é dar liberdade para ele criar. “A pessoa pode trazer uma referência, mas criamos um desenho exclusivo, que só ela vai ter”, diz Sergio Pisani, do estúdio Tattoo You. “Tatuagem é um trabalho artístico. Uma cópia apaga essa dimensão”, afirma a tatuadora Cláudia Tostes.
O que os desenhos significam?
Janser costuma avisar o cliente sempre que percebe que a tatuagem pode ter algum significado forte ou peculiar a determinado grupo. “Às vezes uma mulher vem tatuar uma pimentinha por achar que combina com seu gênio forte, e muda de ideia quando comento que isso é um código para mulher “ardida” na cama”, exemplifica o tatuador.
Para Pisani, ao contrário, o importante é o que o desenho significa para a pessoa. “Tatuagens de cadeia, da máfia russa ou da Yakuza têm um significado específico associado ao grupo, como um código. Mas são apenas desenhos”, afirma. De qualquer forma, é recomendado pesquisar, sobretudo quem tatua símbolos, como ideogramas orientais. “A fonte precisa ser muito bem pesquisada. Existem muitos sites que colocam informação errada de sacanagem”, diz Janser. “Você procura o símbolo para família e está escrito Coca-Cola.”
Com que traço eu vou?
Cada tatuador tem um estilo, geralmente ligado a uma escola de tatuagem. “É importante escolher um tatuador que trabalhe bem no estilo que você quer”, explica Cláudia. Indicações e portifólio são fundamentais nessa hora, para conhecer o trabalho do profissional escolhido.
Se eu fizer mais de uma, elas precisam combinar?
Pisani acredita que mesmo quem começa com uma tatuagem pequena, sem grandes pretensões, pode acabar se apaixonando e fazendo várias. “Por isso eu converso, mostro as possibilidades e faço a tatuagem de modo que ela possa aceitar outras no mesmo contexto”, afirma. No caso de tatuagens próximas, pode ficar esquisito colocar lado a lado um desenho tribal e um ideograma japonês. “Elementos que não têm nada a ver, próximos, não ficam harmoniosos”, diz Cláudia.
A tatuadora lembra que é comum querer aumentar uma tatuagem, acrescentando um elemento, como uma borboleta à uma flor. A mesma ideia vale para tatuagens próximas: é interessante que elas “conversem”.
O que não fazer?
Nada é proibido, mas nomes de namorados ou pactos não são recomendados. “Nomes e pactos de qualquer natureza com frequência provocam arrependimentos se ou quando a relação muda. De cada dez nomes que eu faço, metade eu tenho que apagar”, diz Janser. Já Cláudia é mais flexível. “Não recomendo tatuagens muito grandes: se fizer o nome do noivo de lado a outro nas costas e ele te trair, vai fazer o quê?”, diz a tatuadora. “Por outro lado acho muito bacana pactos entre amigos. Só de fazerem a tatuagem no mesmo dia, isso já garante um significado especial, que continua valendo, mesmo se a amizade mudar ou acabar”, diz a tatuadora.
Dá para mudar de ideia depois?
Quem tatua precisa ter em mente que a marca é definitiva. Mas, mesmo que ela tenha sido bem pensada e feita com convicção, se por algum motivo se tornar indesejada, há duas opções: cobrir ou remover a laser, ambos processos sem resultados garantidos. “Desenhos muito grandes ou escuros são mais difíceis de apagar”, lembra Cláudia.