Inspire-se em sugestões de especialistas e tenha uma vida financeira mais saudável
Voltar para a academia, parar de fumar, estudar mais, dedicar mais tempo à família estão entre as clássicas metas para o ano novo. Mas especialistas em economia sugerem que os brasileiros incluam em sua lista pelo menos uma meta relacionada às suas finanças pessoais. Para quem precisa de inspiração, eles sugerem sete práticas para serem adotadas em 2012.
Algumas delas são mais simples, como por exemplo “busque informações sobre finanças pessoais”, outras, mais difíceis, como “comece a poupar”. De qualquer forma, serão necessários alguns esforços para uma vida financeira saudável em 2012.
Confira abaixo as 7 práticas sugeridas pelo economista norte-americano Dan Ariely, especialista em economia comportamental do Massachusetts Institute of Technology (MIT), José Nicolau Pompeo, professor de Finanças da PUC-SP, Fábio Moraes, diretor de educação financeira da Federação Brasileira de Banco (Febraban) e Calil.
1) Poupar
Poupar é a principal prática a ser adotada pelos brasileiros em 2012, na opinião de Dan Ariely, autor do best-seller “Predictably Irrational” (“Previsivelmente Irracional”). Entre tantos assuntos que envolvem o universo financeiro, como onde investir seu dinheiro e como aumentar suas receitas, “a maior contribuição que uma pessoa pode fazer para si mesma é começar a poupar,” afirma Ariely.
Para começar a poupar, é preciso também começar a gastar menos e, segundo ele, o começo do ano é sempre um bom momento para examinar as despesas. “Na realidade, o que você vai guardar é aquilo que você não vai gastar,” diz.
Particularmente no Brasil, onde o acesso ao crédito tem crescido muito para os consumidores, ele considera que o início deste ano deve ser visto como um momento oportuno para que as pessoas avaliem o quanto está sobrando de dinheiro após seus gastos.
Caso considere que não tem nenhuma despesa supérflua para eliminar, ele sugere que sejam cortados dois ou três gastos classificados como necessários. “Muitas vezes achamos que deixar de ter TV a cabo ou mudar o plano do celular para um mais limitado terão um grande impacto em nossas vidas, mas pode ser que essas mudanças sejam muito menos significativas do que pensávamos,” diz.
2) Ser um consumidor mais esperto
Aproveitar promoções pode gerar uma economia significativa para o bolso do consumidor, o que pode fazer muita diferença no orçamento mensal. Assim, ficar atento às promoções e ser um consumidor mais esperto é um ótimo hábito para adotar em 2012.
Antes de comprar um produto ou contratar um serviço, principalmente os mais caros, vale a pena gastar um tempo comparando os preços em lojas e fornecedores de interesse. Veja também se o que você procura está entre as ofertas dos sites de compras coletivas, mantendo sempre o foco para não acabar gastando com itens que não estavam nos planos.
Além disso, alguns cuidados diários podem ajudar o consumidor a ser mais esperto em suas compras ou, pelo menos, menos vulnerável. Pompeo sugere não levar crianças ao supermercado. “Os produtos mais caros e que chamam a atenção das crianças são dispostos, propositalmente, nas gôndolas mais baixas,” comenta. Também não é recomendável ir fazer compras com fome.
Nas lojas, não se deixe convencer por vendedores que fazem elogios ou oferecem bebidas enquanto você vê os produtos. “E jamais faça compras pela internet quando estiver com teor alcoólico alto,” acrescenta.
3) Não fazer dívidas
Não contrair dívidas é prática de ano novo sugerida pelo professor Jose Nicolau Pompeo, da PUC-SP. “Há casos de pessoas que ganham R$ 1.500 ao mês, mas gastam R$ 250 com a prestação de uma moto. É uma dívida muito grande quando comparada ao salário,” afirma, recomendando que os brasileiros sejam mais firmes diante das tentações de consumo em 2012.
É preciso tomar cuidado também com o parcelamento das contas, diz. “Quando vamos ao supermercado, o caixa oferece para pagarmos em três vezes, sem juros. Então, da próxima vez que vamos às compras, tendemos a pensar: ‘posso gastar um pouco mais, já que vou pagar em três vezes. Mas isso é um perigo, pois é o começo do endividamento,” afirma.
Além disso, antes de se comprometer com uma nova prestação, Pompeo sugere que o consumidor faça a seguinte conta: “pegue o valor do salário líquido e subtraia as despesas fixas e supérfluas. Do valor restante, não assuma um financiamento cuja prestação seja superior 80%.” Ou seja, para quem tem uma renda líquida de R$ 2.500, por exemplo, e despesas de R$ 2.000, o valor a ser direcionado para parcelas de compras não deve superar R$ 400. Os 20% restantes devem ser poupados.
4) Não pagar apenas o mínimo do cartão de crédito
Uma das mais importantes práticas financeiras que os brasileiros precisam adotar, na visão dos especialistas, é não pagar o mínimo do cartão de crédito. Por mais difícil que seja organizar as contas, eles sugerem que os consumidores se esforcem muito para não precisar pagar apenas uma parte da fatura.
“Quando pagamos o mínimo, temos o saldo liberado para gastar novamente no mês seguinte, mas sobre o valor que não pagamos incidem juros altíssimos. É muito importante pagar a fatura do cartão de crédito em dia e integralmente,” diz o consultor financeiro Mauro Calil.
Quem tem uma conta de R$ 1.000 e paga apenas R$ 150, que são os 15% mínimos exigidos, terá, no mês seguinte, um saldo devedor de R$ 935, já que terá que pagar juros sobre o valor remanescente. Se continuar pagando o mínimo durante um ano inteiro, terá uma dívida de R$ 477,4 depois de já ter desembolsado R$ 1.277,50 (considerando que a pessoa não gastou mais nada além dos R$ 1.000 iniciais).
A sugestão de Fábio Moraes, da Febraban, é que o consumidor não use cartão de crédito – e também o cheque especial – como extensão de seu salário. Quem está endividado e, por isso, está recorrendo ao cartão de crédito para pagar as despesas pode tentar renegociar suas dívidas com os intermediários financeiros. “Renegocie e também avalie a necessidade de trocar uma divida ruim, por uma melhor. Por exemplo, se estiver endividado no cartão de crédito, ou no cheque especial, de repente optar por uma linha de financiamento mais adequada, como o crédito consignado, pode ser uma boa opção, pois pagará menos juros”, diz Moraes.
Para facilitar o controle dos cartões, o consumidor deve cuidar para que a soma do limite de seus cartões – de preferência, apenas dois – não superam 50% da renda líquida, diz Mauro Calil. Se o salário é R$ 3 mil, por exemplo, os limites não devem ultrapassar R$ 1500.
5) Começar uma planilha de orçamento
Escrever os ganhos e gastos em uma planilha ou no papel é outra prática sugerida pelos especialistas para 2012. A periodicidade do acompanhamento não precisa ser diária ou semanal, mas sim mensal.
Uma das vantagens de adotar este hábito é evitar grandes surpresas. Além disso, o controle do orçamento ajuda a evitar o endividamento, diz Moraes.
A melhor maneira de começar pagar as contas e já colocá-las em um envelope. Para quem faz tudo pela internet, o ideal é incluir os valores em uma planilha assim que a conta for paga, ou anotar em uma agenda. No último dia do mês, é só lançar tudo na mesma planilha.
Além das contas, é preciso incluir o salário líquido e demais fontes de renda. Assim será fácil visualizar o dinheiro que sobra para gastos extras depois de pagas as contas principais.
6) Fazer uma reserva financeira
As reservas de dinheiro são para eventos inesperados e poupar para este objetivo é uma das mais importantes práticas financeiras a serem adotadas, dizem os especialistas. Se esta prática não for a escolha do leitor entre as sete sugestões para 2012, deve ser adotada o quanto antes. “Estamos todos sujeitos a acidentes ou a perda do emprego, o que pode levar, em alguns casos, 12 meses para que a vida volte ao normal. Por isso, é preciso ter o dinheiro para este período,” diz Calil.
A recomendação de Moraes, da Febraban, é que todos tenham uma poupança de emergência equivalente a pelo menos três meses de salário. O ideal, na verdade, são 12 meses. O dinheiro deve ser colocado em uma aplicação sem risco ou pouco arriscada, e que permita o saque a qualquer momento, como o caso da poupança.
Quem está começando do zero, pode demorar um pouco para conseguir completar sua reserva. Mas uma forma de começar a adotar o hábito é guardar 10% do salário, todos os meses, para este fim.
Para complementar, quem achar que consegue pode tentar também fazer reservas para pagamentos já esperados. Uma forma de fazer isso é guardar, todos os meses, um pouco de dinheiro para o pagamento do IPVA do carro no ano seguinte, diz Pompeo. “Hoje em dia, muitos brasileiros têm carros. Se o imposto é R$ 2000, ele pode poupar R$ 200 ao mês. Quando chegar janeiro do ano que vem, terá pelo menos R$ 2400 e não passará aperto,” diz.
7) Ler mais sobre finanças pessoais
A primeira aplicação financeira que devemos fazer é investir em educação financeira, diz Mauro Calil. Portanto, começar a buscar informações sobre o assunto é uma ótima prática para o ano novo.
Ainda que não existam muitos livros de finanças pessoais no Brasil, é possível aprender sobre o assunto e em cursos e palestras gratuitos. “O que não se pode fazer é reclamar da falta de dinheiro e achar que pular as sete ondas no réveillon vai deixá-lo rico,” diz Calil. Algumas boas fontes de informações financeiras são as rádios, os jornais e os sites na internet.