Leidiane Sabino
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Autora dos livros infantis “Festa! No Museu” e “Arnaldão, o tubarão”, Lúcia de Fátima Gomes é um exemplo de superação e força de vontade. Ela nasceu em São João das Duas Pontes-SP, em 1962, e mudou-se ainda criança para Fernandópolis, onde vive como funcionária pública, trabalhando na biblioteca da Escola Municipal Melvin Jones.
Formada em Letras pela Unifev – Centro Universitário de Votuporanga, em 1989, Lucia escreveu também várias peças teatrais infantis e participou da 5ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, em 1991.
Vítima de paralisia infantil, Lúcia conseguiu andar apenas com sete anos de idade e sofreu muito para se alfabetizar. “Fui à escola normalmente, mas sofri todos os preconceitos que a sociedade tem. Enquanto eu dava um passo, caia dez. Ninguém queria brincar comigo, então eu lia bastante”, contou.
Aprovada no curso de matemática pela Unesp em 1984, fez apenas uns meses do curso. “O meu sonho era ser jornalista, então o curso que me cabia era letras, por que naquela época não tinha jornalismo na região”.
Cursado então o curso de letras, ela teve que superar mais um obstáculo, as dificuldades que tinha em didática. “Eu não queria dar aula, queria o meu diploma de curso superior. No final deu tudo certo e eu consegui a graduação”, disse.
Apaixonada por semântica e literatura, Lúcia dedicou-se à leitura e escrita. “Acho que brinquei pouco, daí o interesse pela literatura e por escrever para crianças. Eu não sei escrever para adultos”, falou.
Em 1991, como uma das duas mil pessoas selecionadas para a 5ª Bienal Nestlé de Literatura Brasileira, fez cursos de uma semana com os grandes representantes da literatura brasileira. “Aprendi demais nessa semana. Foi muito rico”.
Depois de uma oficina como Millôr Fernandes, nasceu o livro “Arnaldão, o tubarão”. “Ele falava de verossimilhança, pedindo para a gente pegar uma história verdadeira e contá-la diferente. Foi assim que eu fiz para escrever o livro. Em poucos dias ele ficou pronto, na verdade, em dois dias”, explicou Lúcia.
Já o livro “Festa! No museu” foi uma encomenda. Depois de um estudo, passou dois meses escrevendo sobre os aviões que estão no museu da TAM em São Carlos-SP.
Primeiro, ela escreve tudo à mão, depois passa para o computador. Entre seus textos ainda não publicados estão: “O passeio das sapinhas”; “Titor, o teimoso trator”; “Se eu pudesse virar menino”; “Bombonzinho”; e o monólogo autobiográfico “Tô feliz Elisa”.
Atualmente ela está analisando um material para possivelmente escrever sobre a defesa aos animais.
Além dos livros, Lúcia dedica-se também a palestras de autoestima especial, onde ela fala sobre como trabalhar com crianças especiais.
Lúcia tem a biografia de Charlie Chaplin como segunda bíblia. “Ele fez de sua vida uma piada. Eu acredito que isso seja muito importante. Se a vida está azeda, a gente precisa fazer dela uma limonada”, falou Lúcia.
E, na escola onde trabalha, Lúcia reúne os alunos para montar teatro de mímica, após a leitura de alguns textos.
Enfim, nada foi fácil para ela, mas assim como o seu querido Chaplin, Lúcia Gomes, tenta tirar o melhor da vida e usa o que aprendeu por meio da leitura e escrita para também ajudar os outros.