Showkito e Chuvisco participaram da gravação do documentário: Exploração do clown através do índio Xavante
Os palhaços Aldo Hairton Dezan (Showkito) e Paulo Ramalho Matta Júnior (Chuvisco), da Companhia Atos e Palhaços, de Votuporanga, passaram 12 dias no Mato Grosso, de 9 a 20 de abril, acampados em uma reserva indígena participando do Kuaroup, olimpíadas indígenas que ocorrem nesta época, uma vez ao ano em comemoração ao dia do índio.
Em uma aldeia, os índios reúnem as outras 18 que compõem a reserva e, durante dois meses, realizam diversas modalidades esportivas que são tradições do Xavante. Entre esportes e competições, realizam a corrida com a tora de buriti, lutas, danças, maratonas e outras. Os caciques das 18 aldeias convidadas levam todos os seus integrantes e constroem suas ocas para se instalar e permanecer com tranquilidade na aldeia anfitriã por vários meses.
Durante esses eventos, os palhaços Showkito e Chuvisco conseguiram experimentar brincadeiras e mágicas com as crianças e o pessoal Xavante.
A viagem teve como objetivos a busca de novas linguagens de comunicação do palhaço, já que o português praticamente não é falado durante esse evento e a produção de um documentário. “Tivemos que exercitar muito a pantomima (um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos. É a arte de narrar com o corpo) e todo um gestual para se fazer compreender e assim interagir”, relatou Aldo Dezan. Ele disse ainda que foi impressionante a ideia de explorar as reações. “O contato com o nosso personagem e as suas macaquices foi sinceramente surpreendente. Estamos ainda mais felizes e maiores por esta experiência adquirida”, acrescentou.
Para Paulo Ramalho, a experiência foi fascinante. “O momento da conquista do tempo deles nos deu outra possibilidade, aquela de que são preservadores da natureza, do laço familiar e da grande amizade, já sabíamos, mas a de que são grandes observadores e interativos com uma nova manifestação, um tanto desconhecida e diferente, isso foi maravilhoso. Apesar da língua Xavante, preparamos esquetes e pequenas cenas construídas com gestos e olhos. Eles aceitaram e entenderam perfeitamente as exposições dos nossos personagens”, disse.
Com isso, os palhaços conheceram um pouco da cultura dos índios, gestos, costumes, culinária, comportamento, música, dança, maquiagem, figurino, lendas, histórias, organograma e muitas outras atividades. O objetivo maior desta expedição é a produção do documentário que será apresentado em breve aos índios e para a comunidade local. A produção promete ser muito rica de imagens, contando todos os instantes vividos e registrados nesta imersão. Esta viagem foi planejada e especialmente cuidada para atender e colher com responsabilidade frutos para identificar as diferenças culturais e abastecer os palhaços com forças e energias novas para a continuidade de suas atividades, principalmente nos hospitais, que exigem improviso, abertura total das áreas periféricas e de todas as ocorrências do mundo ao redor. Para Showkito e Chuvisco, palhaço se faz com humor e muita dedicação.
Tudo isso foi possível graças à interferência junto aos órgãos competentes do votuporanguense Marcelo Sanches Okimoto, que há 16 anos reside em Nova Xavantina, cidade próxima à reserva indígena. Marcelo trabalha na Secretaria de Turismo, ajudou Showkito e Chuvisco na captura das imagens e há muitos anos frequenta a reserva onde é tratado como irmão e foi batizado segundo as tradições Xavante.
Atualmente, as imagens são editadas. Showkito e Chuvisco já pensam em uma nova aventura para desenvolver ainda mais o potencial do trabalho como palhaço e sua interação com os diversos meios culturais existentes no país.