Leidiane Sabino
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Bianca, que nasceu Alan Fernando Martins, no ano de 1982, percebeu ainda na infância que era mulher em um corpo masculino. Porém, não foi apenas essa mudança que teve em sua vida. A mulher Bianca, enfrentou ainda grandes desafios, o principal deles foi o mundo das drogas. Hoje, trabalhando e realizando sonhos, ela é um exemplo de força de vontade e superação.
Nascida em Votuporanga, Bianca morava com a mãe, o pai e duas irmãs no Pró-povo. Sua mãe sempre trabalhou muito como doméstica para sustentar a família. O pai, alcoólatra, causava muito tristeza para a família.
Com 10 anos de idade, Bianca não se identificava como menino e gostava de brincar e ficar perto de meninas. Seu pai, quando descobriu, não aceitou, deixou a família e foi morar em São Paulo-SP.
Com 14 anos de idade, com a intenção de ajudar em casa, Bianca foi para a prostituição. “Foi um tempo de ilusão e, como nada na noite é fácil, conheci o álcool e as drogas. Passei 16 anos me prostituindo para conseguir a droga”, disse.
Depois de muito sofrer, passar por prisões, no dia 28 de junho de 2011, Bianca pediu ajuda à família. “Já no fundo do poço, pensei que ninguém iria me ajudar por preconceito. Então, conheci o Amor Exigente, fui em uma palestra realizada pela psicopedagoga da Comunidade de Recuperação Nova Vida. Aproveitei e pedi para a minha irmã, que estava comigo, para perguntar como era a internação”, contou.
Um recomeço
Bianca passou por uma triagem na Comunidade Nova Vida e foi internada. A mãe, com muito sacrifício, pagou os primeiros meses do tratamento. Depois de seis meses e 21 dias internada, Bianca saiu renovada e feliz. “Eu podia deixar o tratamento a qualquer momento, mas quis completá-lo. Lá, fui recebida com todo carinho, sem preconceitos”.
No dia 5 de janeiro deste ano, terminou o tratamento e, partir de 9 de janeiro, Bianca foi para São José do Rio Preto-SP fazer o curso da Febract (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas), voltado a preparação para o trabalho com dependentes químicos, um investimento de R$1.200 oferecido por sua família.
“De portas abertas, novamente, fui recebida na Comunidade Nova Vida. Há cinco meses trabalho no escritório da Unidade de Acolhimento da comunidade, por meio do programa Votuporanga em Ação, da Prefeitura. Aqui, eu me ajudo e ajudo quem passa por aqui. Hoje vejo que tenho capacidade e o que ganho, invisto em mim”.
Depoimento
Bianca disse que é possível se livrar das drogas, mas, “assim como uma mesa não fica de pé apenas com três pernas, o dependente químico também não fica de pé sem espiritualidade, família, grupo de apoio e trabalho. Hoje, eu tenho isso e mantendo tudo, sei que não vou usar drogas”.
Ela passa a semana toda na Unidade de Acolhimento da Comunidade Nova Vida e participa do grupo de segunda-feira, voltado ao dependente químico e sua família, e no de quarta-feira, que é um acompanhamento psicológico.
“Agradeço muito a oportunidade de estar aqui na Nova Vida hoje. Sem o apoio dos responsáveis, eu não estaria aqui”, falou.
Hoje, Bianca mora com a mãe, um sobrinho, o padrasto e um filho do padrasto. Nos finais de semana também trabalha como cabeleireira e não perde uma missa de domingo.
“Nunca vivi o que estou vivendo hoje. Trabalho com pessoas da sociedade sem sofrer preconceito. Mudei totalmente a minha vida e os meus amigos são os que trabalham comigo e a minha família”.
Bianca tirou carteira de habilitação, está terminando o ensino médio e tem mais um desafio, quer fazer o curso superior de psicologia. “Ás vezes acho que estou sonhando. Para mim, tudo é novidade, mas ainda quero conquistar muito mais. Para ficar bem, o dependente químico precisa querer”, finalizou.
E, com muita vontade, Bianca segue sonhando, querendo uma vida melhor e fazendo o possível para que isso aconteça!