Em 2012, o escritor Jorge Amado completaria 100 anos se ainda estivesse vivo. Para comemorar e difundir a obra do escritor baiano, o Senac Votuporanga recebe a exposição Ojuobá – Tenda dos Milagres de 10 a 27 de julho.
A contribuição de Jorge Amado para a cultura brasileira vai muito além do aspecto literário. O universo de personagens e enredos criados por ele transcende as palavras ao captar e retratar problemas políticos e sociais, crenças, tradições e a sensualidade do povo brasileiro, características marcantes de sua obra. A exposição traz livros do autor e a apresentação de parte da minissérie Tenda dos Milagres.
A mostra foi desenvolvida pelo Centro Universitário Senac e teve a curadoria do grupo de pesquisa Cultura e Comportamento, além de uma parceria com a escola de samba Mocidade Alegre, que, em 2012, teve seu samba-enredo inspirado no romance Tenda dos Milagres.
Gratuita e aberta à comunidade, a exposição poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h30 e das 13h30 às 22h30. Entre os livros expostos estão Capitães de Areia; Gabriela, Cravo e Canela; Tieta do Agreste; Dona Flor e seus Dois Maridos; Mar Morto; Tocaia Grande e Jubiabá.
Sobre a obra Tenda dos Milagres
Tenda dos Milagres é uma obra em que o diálogo com as teorias da identidade nacional é explorado em sua máxima potência. Seu personagem principal, Pedro Archanjo, transita entre teorias populares e eruditas, torna-se autor (sem jamais ser inserido formalmente na academia, entrando pela porta de trás) e debate com personagens que podem ser reconhecidos em teóricos como Nina Rodrigues e Manoel Quirino.
O candomblé, a capoeira e as festas populares da Bahia fazem parte do universo de Pedro Archanjo, escritor, sábio, malandro e personagem central da obra. Os tipos folclóricos das ladeiras de Salvador estão presentes também em Tenda dos Milagres. É um dos maiores e mais perfeitos personagens da literatura universal. Ele é descrito como Ojuobá (ou "olhos de Xangô"). Mulato e capoeirista, mestre Archanjo, como também era conhecido, tocava viola, era bom de cachaça e pai de muitas crianças com as mais lindas negras, mulatas e brancas. No romance, é ele quem percorre as ladeiras de Salvador e recolhe dados sobre o conhecimento dos negros africanos e sua cultura.
Pedro é um mulato sociólogo que combate os preconceitos da Salvador do começo do século 20 e que continua frequentando os terreiros mesmo depois que deixa de acreditar nos orixás. Tudo para não deixar esmorecer o ânimo dos perseguidos e evitar o triunfo da polícia e da elite racista.