Na sua última entrevista nesta passagem por Votuporanga, Rogério Corrêa se emocionou na rádio Cidade FM
Rogério Corrêa na rádio Cidade, em sua última entrevista nesta passagem por Votuporanga (Foto: A Cidade)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Se existe um aspecto marcante na personalidade do treinador Rogério Corrêa, esse é a autenticidade. Ele fala o que pensa – principalmente nos finais das partidas – e foi assim na sua entrevista no programa “Bola em Jogo”, da rádio
Cidade FM 94,7, na manhã de ontem, a última em sua atual passagem por Votuporanga.
Na tarde de segunda-feira (10), o jornal A Cidade revelou a saída do profissional do comando técnico do CAV, que não terá atividades com o time de cima no segundo semestre.
Em sua trajetória no comando da Pantera, foram 72 jogos, com 35 vitórias, 23 empates e 14 derrotas, resultando em um aproveitamento de 64,58%. “Os números estão aí e não tem o que contestar. Tudo foi feito com muito carinho, com muita dedicação, com muito comprometimento e muita alma. Foi muito empenho ali dentro do campo e também no dia a dia. Quem me conhece sabe o quanto intenso eu sou, o quanto eu procuro sempre ajudar e realmente deixar a história no clube”, comentou.
Na história
Com um título da Série A3 e a conquista da vaga para a Copa do Brasil via Copa Paulista, o treinador entrou para a história do clube. “Graças a Deus, em todos os clubes que eu passei, eu conquistei alguma coisa, então eu fico feliz de toda a história que eu tive aqui. Saio triste porque a gente queria continuidade, mas a gente sabe que o futebol tem suas particularidades. Mas fico feliz de tudo que foi realizado aqui, porque foi feito de coração mesmo”, falou.
Votuporanga foi a cidade que mais marcou você como treinador?
“Como técnico, sim. Como jogador, eu tive no Athletico Paranaense um vínculo muito grande pelo título brasileiro e tudo que eu conquistei. Mas como técnico o CAV foi o clube que acreditou realmente no Rogério Correia, que deu a oportunidade. Aqui eu não só conquistei título, como conquistei amigos aqui, então acho que a cidade também abraçou o Rogério Correia, a ideia, o trabalho. Os torcedores realmente foram nosso 12º jogador ali dentro de campo”. O treinador recebeu o Título de Cidadão Votuporanguense pelos trabalhos desenvolvidos na Alvinegra.
Time de apostas
O técnico lembrou que o elenco do CAV era formado majoritariamente por atletas considerados apostas. “O nosso time inteiro praticamente era aposta, né? Porque poucos jogadores tinham disputado a A2, então por ser aposta, acho que o time foi muito bem. Muitos jogadores desses tiveram protagonismo e tenho certeza que a maioria já está empregada”.
Jefinho decepcionou?
Sobre o centroavante Jefinho, o treinador observou que o contexto da vida do atleta profissional é amplo. Ele lembra que existem vários fatores, como a adaptação, a forma de jogar de determinado time e dos companheiros de equipe. Porém Rogério ressalta que o jogador foi importante, se não fazendo gols, mas executando outras funções dentro de campo.
Jogadores saíram
Muitos torcedores entendem que algumas peças que foram bem na Copa Paulista poderiam ter ficado na A2 – Jonatas Paulista, Vinícius Baracioli, Wendel Júnior, entre outros. Rogério falou sobre a questão: “a gente também não tem como prender o jogador aqui, o cara não é obrigado, e acho que a pessoa também tem que ter discernimento naquela na situação. Naquele momento, os atletas que saíram realmente vieram pedir para a diretoria para poder sair. Você não pode ficar com um cara que não quer, porque ele não vai ser um bom profissional, ele não vai trabalhar direito e pode ficar ali fazendo corpo mole. Então, para ficar, a pessoa tem que querer”, revelou.
Críticas
“As críticas são válidas, só não pode passar do ponto. Eu gostaria que todo torcedor acompanhasse um pouco do que acontece nos bastidores, da formação de elenco, do dia a dia de trabalho todo. Muitos torcedores me criticaram bastante naquela situação quando a gente fez os 15 pontos e eu fiz aquele desabafo. Eu fiz aquele desabafo naquele momento, mas foi justamente pensando agora que o clube não vai ter um segundo semestre, porque eu acho que a cidade pode abraçar mais, não só torcedores, mas também as empresas, porque a gente sabe da dificuldade de um clube”, disse.
Emoção
No fim do bate-papo, Rogério se emocionou: “o que eu fiz aqui foi de verdade. Desde a minha passagem em 21, o clube aqui abriu a porta para um cara desconhecido, um treinador desconhecido, que só tinha trabalhado como auxiliar na base. E tudo sempre foi feito com coração, então essa minha emoção, esse meu sentimento é de verdade, porque não é fácil conquistar o que eu conquistei aqui, fazer as amizades que eu tive aqui, realmente são amigos de verdade. Então, eu deixo grandes amigos aqui e o CAV tem um torcedor; independente é onde eu estiver, a Votuporanguense tem um torcedor que é um cidadão votuporanguense de coração mesmo”, finalizou.