O casal Rames Cury e Maria Antônia de Castro Cury participou da história das companhias aéreas VASP e Real, na década de 50, em Votuporanga
Maria Antônia Cury, Denizart Vidigal, Jesus Silva Melo e Primo Beraldi em frente ao carro de praça (Foto: Arquivo pessoal)
Gabriele Reginaldo
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Os mais jovens podem não se lembrar, mas Votuporanga já teve duas companhias aéreas na década de 1950, a VASP (Viação Aérea São Paulo) e a Real. Rames Cury e Maria Antônia de Castro Cury participaram da história da aviação na cidade e contaram que, durante o período, o município tinha cerca de 15 mil habitantes.
O casal contou ao A Cidade que, na época, eles se conheciam, até encaminhar o namoro e chegar ao casamento, em 24 de dezembro de 1963. Enquanto Rames trabalhava na VASP, como agente, Maria Antônia trabalhava na concorrência, na Real, como aeroviária.
“Nós tínhamos que fazer um relatório com pesos e nomes dos passageiros e das malas para eles entrarem no avião. Precisávamos ter todas as informações para o avião subir. Eu, como aeroviária, cuidava dessa parte na Real, já o Rames liberava o avião na VASP. A tripulação, muitas vezes, ficava no Hotel Amazonas e partia no outro dia. Eles eram transportados com o conhecido carro de praça”, contou Maria Antônia Cury.
Rames Cury trabalhou como agente da VASP por um ano e recordou, durante entrevista, a sua carta de indicação após a empresa fechar em 1959. Na carta, datada em 3 de junho de 1959, a empresa informou que Rames Cury teve o contrato rescindido “por motivo de cancelamento da linha para aquela cidade [Votuporanga]”.
“As empresas duraram cerca de 3 a 4 anos, com linhas aéreas três vezes por semana, com capacidade de mais de 50 passageiros na aeronave Douglas DC3. A VASP fazia o trajeto Votuporanga, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Paulo. Já a Real contava com esses trajetos, além de Aparecida do Taboado e Cuiabá. A região inteira vinha para Votuporanga e era um luxo viajar de avião”, afirmou Rames Cury.
Eles recordaram que o campo de aviação era de terra, “levantava poeira” e estava localizado no fim da atual rua Padre Izidoro Cordeiro Paranhos. A VASP estava localizada em frente ao Hotel Amazonas e a Real estava localizada na rua São Paulo.
O trabalho do casal não parou após o fechamento das empresas em Votuporanga. Maria Antônia participou de uma seleção para trabalhar no banco Bradesco e foi uma das primeiras mulheres a trabalhar na agência da cidade. Já Rames Cury também atuou com a empresa de grampos para cabelo, participou da diretoria do Votuporanga Clube , além de ser vice-prefeito da cidade na gestão de Mário Pozzobon, no período de 1983 a 1988.
Segundo Rames, durante a gestão, foi criada a avenida Dr. Wilson de Souza Foz, a troca de iluminação da avenida João Gonçalves Leite, o primeiro poço profundo na Vila Muniz e o fortalecimento e o incentivo da criação de novas indústrias. Durante entrevista, ele se emocionou ao falar do desenvolvimento de Votuporanga.
“Votuporanga era o sertão de Rio Preto e mudamos para cá com a promessa de ser a cidade do futuro e teve sorte de ter bons prefeitos, sendo que todos pensaram no desenvolvimento. Ela ficou uma das mais bonitas da região”, afirmou.
O casal ainda contou que deu sua contribuição para a reforma da atual igreja Nossa Senhora Aparecida. Rames Cury foi eleito presidente da comissão do reboco.
“Nós nos casamos em 1963 e ainda faltava o reboco, então queríamos tirar fotos e fizemos a campanha do reboco. Todo mundo contribuía para rebocar a parte do altar e depois do casamento terminamos toda a parte de dentro da igreja”, disseram Rames Cury e Maria Antônia de Castro Cury.