O jornal A Cidade conversou com líderes religiosos de Votuporanga para explorar as perspectivas diferentes em relação ao período
Os líderes religiosos Gilmar Margotto, Waldenir Cuin e Edival Santos conversaram com a reportagem sobre os significados da Páscoa (Fotos: Arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
A Sexta-Feira Santa e a Páscoa são, essencialmente, marcos religiosos. E assim como existem doutrinas diferentes dentro da religião – aliás, dentro do próprio cristianismo – existem perspectivas diferentes em relação a marcos como a “Sexta-Feira Santa” (também conhecida como “Sexta-Feira da Paixão”) e a Páscoa, celebrada neste domingo (17).
Para explorar essas perspectivas e suas diferenças, a reportagem do jornal
A Cidade conversou com líderes religiosos de Votuporanga, que comentaram sobre o que essas celebrações representam dentro das suas respectivas doutrinas, e pesquisou os possíveis significados desses marcos em religiões para-além do cristianismo.
Significados
Começando pelo catolicismo, o padre Gilmar Margotto, pároco da Catedral e responsável pela comunicação da Diocese de Votuporanga, explicou que a celebração da Páscoa é o “coração” da liturgia católica – que, inclusive, tem uma programação diferenciada de missas para a “Semana Santa”, que antecede a Páscoa. “Fazendo essa vivência da Semana Santa, nós aprendemos a ajustar a nossa vida com a vida de Jesus Cristo. Foi uma vida de fidelidade, perseverança, amor e com ensinamentos de que nós podemos vencer as dificuldades da vida, bem como as provações, porque ele também venceu”, disse.
O padre também comentou sobre o significado do período para a fé católica. “É um período de entrega, aprendizado e celebração da vida de Deus em nós, para sermos ressuscitados com Ele aqui e agora, no sentido de continuar a nossa caminhada rumo à vida eterna”, disse.
Já Waldenir Aparecido Cuin, presidente da Associação Beneficente “Irmão Mariano Dias”, explicou que, na doutrina espírita, não existe um calendário de comemorações para este período. “Para nós, espíritas, a ‘Sexta-Feira Santa’ é um dia comum, em que podemos fazer inumaras ações do bem, tanto nessa como em outras datas”, disse.
O presidente da associação também levantou uma reflexão em relação ao termo “Páscoa” e a etimologia por trás dele. “O termo páscoa - ou seja, ‘Pesach’ - significa ‘passagem’. Então, podemos ‘passar’ pela vida utilizando todas as oportunidades, a qualquer momento, sempre em benefícios dos irmãos do caminho, atentos em contribuir cada vez mais para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana, dentro do ‘ame o próximo como a ti mesmo’, um conceito cristão”, explicou.
Por fim, a reportagem conversou com Edival Santos, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia Jardim Bom Clima. Para ele, sua doutrina religiosa tem uma visão “muito comedida” em relação à Páscoa. “Nós partimos do princípio bíblico. A Páscoa nasce no berço da palavra ‘libertação’. Esse é o ponto”, disse.
Em seguida, ele explorou a relação entre a palavra e o significado do período para os adventistas. “Nós entendemos que a Páscoa, acima de tudo, é libertação e um momento de celebrarmos o que Cristo fez por nós. A ideia adventista [sobre a Páscoa] está ligada à libertação e promessa de salvação”, explicou.
Outras religiões
No judaísmo, a Páscoa celebra a libertação do povo judeu da escravidão do Egito, o que, segundo a história, aconteceu há mais de três mil anos. Por isso, a data também é conhecida como “Festa da Libertação” ou “Pesach”.
O budismo, por sua vez, não comemora a Páscoa. A doutrina tem suas próprias festas e as mais celebradas são as que fazem referência ao nascimento de Buda.
Os muçulmanos também não festejam a Páscoa. Entre as cerimônias da doutrina, a mais importante é o Ramadã: um mês de jejum, em que se celebra a primeira revelação feita por Deus a Maomé, e a peregrinação a Meca.
Apesar das raízes do cristianismo e do islamismo remeterem aos mesmos profetas - Abraão, Noé e Moisés - os destinos históricos são diferentes.