Irene Ravache estava afastada das novelas há praticamente dois anos quando foi avisada que seria Charlote de Alcântara Pereira Barreto, a Charlô, no remake de “Guerra dos Sexos”. Na primeira versão da novela, o papel foi de Fernanda Montenegro e com isso a responsabilidade aumentou, porque a comparação que o telespectador faria entre uma e outra seria inevitável.
No entanto, isto não parece ter abalado a experiente atriz. Consciente de seu potencial, enfrentou o desafio e tem mostrado que a escolha não poderia ter sido mais acertada.
Charlô é uma mulher que não manda recados, independente e decidida, parece alimentar-se das brigas com seu primo Otávio, papel que é de Tony Ramos.
A dupla de atores tem empatia absoluta. As discussões entre eles quase sempre acaba em tortas voando e em imprevisíveis apostas.
“Guerra dos Sexos” estreou na última segunda e, apesar de ser um remake, ganhou novos contornos dados por Sílvio de Abreu, o autor original da história. Assim, a trama reserva surpresas para o telespectador. No entanto, é certo que entre Charlô e Otávio existe uma paixão mal resolvida, camuflada por um suposto ódio que os mantém unidos.
O último trabalho de Irene Ravache em novelas foi em “Passione”, na qual ela fez a espalhafatosa Clotilde de Souza e Silva que chamou a atenção principalmente por causa de seu figurino que tinha gosto bem duvidoso, no entanto neste novo trabalho, Irene aparece vestindo figurino sóbrio, digno de uma mulher bem nascida e que vive cercada de luxo, mas que poderá inspirar o dia a dia de muitas mulheres, copiando um modelito ou um acessório.
Falando um pouco das próximas emoções de “Guerra dos Sexos”, Charlô ganhará uma aliada de peso. A empresária Roberta Leoni, vivida por Glória Pires, passará por uma enorme provação quando descobrir que não tem dinheiro para pagar os funcionários de sua confecção e paralelamente estará enfrentando o embargo de seus produtos proposto por Otávio, a quem deve exclusividade. A solução encontrada por Roberta será vender as suas preciosas joias e aliar-se a Charlô. As duas se tornarão inseparáveis e formarão uma espécie de liga contra o poderio masculino. Isto dará um novo tom à trama de Sílvio de Abreu. Claro que tudo isso será recheado de muito romance e intrigas familiares. Vai valer à pena continuar assistindo.
Deixando a história de “Guerra dos Sexos” de lado e falando um pouco sobre a atriz Irene Yolanda Ravache Paes de Melo nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1944. A ideia de seguir a carreira artística surgiu quando a adolescente de 16 anos assistiu a sua primeira peça de teatro e encantou-se com a movimentação no palco; ela traçou um plano em sua cabeça, queria viver tudo aquilo bem de perto, quer seja como atriz ou como integrante da produção. Ela tinha estudado piano e já havia pensado em ser bailarina, mas mudou os rumos de sua história, estudou teatro e, num golpe do destino, seu noivo teria que vir a São Paulo para fazer teste para uma peça de Gianfrancesco Guarnieri e Irene decidiu acompanhá-lo. Resultado, a atriz acabou no elenco da peça “Eles Não Usam Black-Tie”, encenada no Teatro de Cultura Popular, sob a batuta do diretor Oduvaldo Vianna Filho. Feliz da vida deu a notícia para a mãe que, além de não acreditar nela, recomendou que fosse ao médico.
Eram tempos de ditadura militar e a própria Irene reconhece que a convivência com a trupe do CPC e da União Nacional dos Estudantes ajudou a formar a sua consciência política.
A estreia na televisão foi através do Jornalismo. Na TV Rio, Irene estrelou o programa “Pergunte Para o João”, no qual ela lia as perguntas mandadas pelos telespectadores, ligadas a conhecimentos gerais, e uma marionete respondia. Nesta mesma época, ou seja, final dos anos 60, Irene trabalhou ao lado de Heron Domingues, João Saldanha, Nelson Rodrigues e Ebrahim Sued em um programa no qual a atriz lia pequenas notas. Era o que tinha de melhor na televisão, a atração fazia muito sucesso.
O seu ingresso na Globo em 1965 se deu por sua própria iniciativa; depois de muito esperar para ser atendida, interpelou um dos diretores no estacionamento e apresentou suas credenciais afirmando que merecia uma chance.
Em meio à sua maratona artística, Irene Ravache casou-se e teve seu primeiro filho em 1965, no entanto, algum tempo depois, foi cada vez mais difícil conciliar o casamento com o trabalho e ela divorciou-se.
No início dos anos 70, a atriz aprimorou-se em técnica vocal e um novo amor encheu seu coração, começou a namorar Edison Paes de Mello Filho e formam morar juntos; desta união nasceu mais um filho. Até hoje, eles formam um dos casais mais sólidos do meio artístico, sendo que oficializaram a união em 1994, numa cerimônia surpresa organizada pelo marido da atriz.
Lembrando o início da carreira, Irene Ravache trabalhou em inúmeras peças de teatro, destacando que também atuou como diretora de várias produções e ainda como atriz de cinema. Na telona, ela contabiliza onze filmes.
A sua primeira novela global foi “Elas Por Elas” e sempre em papéis marcantes. Vale lembrar a sua parceira com o saudoso Jardel Filho, em “Sol de Verão”; o ator morreu em plena atividade quando faltavam poucos capítulos para o final da história que precisou ter seu curso alterado.
Um dos seus personagens mais memoráveis foi a Dona Lola, da novela “Éramos Seis”, produzida pelo SBT em 1994.
Destacou-se em “Belíssima” na pele da grega Katina e depois em “Eterna Magia”, dando vida à sofrida Loreta O’Nei, e mais recentemente em “Passione”.
A própria atriz se define como uma “mulher em processo de aprendizagem” e é sempre muito curiosa quanto as suas personagens. É deste modo que Irene Ravache renova as suas energias e está sempre em busca de novos objetivos.