Leidiane Sabino
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Camila Fernanda Marques da Silva, 28 anos de idade, tem monoparesia (perdeu o movimento da perna direita) no ano de 1998 e é a personagem de hoje, Dia Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência Física, para contar os desafios do dia a dia e o que é preciso fazer para melhorar a vida dos deficientes.
Atualmente, Camila não trabalha por falta de vagas no interior do Estado para deficientes. “Na capital, eu trabalhava no RH de uma das maiores empresas do mercado atualmente, trabalhava igualmente como as outras pessoas, porém, aqui no interior, são poucas as vagas para deficientes e, quando aparecem, são para produção”, desabafa.
Em casa, Camila cumpre a rotina diária, limpa, cozinha e cuida do filho de três anos de idade.
Do portão de casa para fora, as dificuldades começam. Camila não sai sozinha. “Tenho medo de cair, as calçadas são irregulares e as ruas aqui no nosso bairro têm muitos buracos. Se vou até outro lugar, dependo de um carro, já que só temos um ônibus adaptado e o tempo de espera por ele é de duas horas”, contou.
Na área central da cidade, Camila também precisa de companhia. “Na rua Amazonas, as pedras das calçadas fazem com que minha cadeira enrosque e as pessoas não respeitam um cadeirante. Ir ao supermercado, então, é um transtorno”.
Ela também reclama da falta de lazer aos deficientes. “Os restaurantes que se dizem adaptados, só têm rampa, mas, ao entrar, você tem que tirar as mesas do caminho. Alguns não têm banheiro. Não temos cinema, já que o local fica em um prédio antigo e com escadaria”.
Para Camila, falta interesse das pessoas em ajudar. “Não queremos nada demais, apenas o mesmo direito dos outros. Eu quero acreditar que as coisas estão mudando. As novas construções já estão saindo adaptadas, mas e as antigas, o que podemos fazer com elas? Eu acredito em um apoio da Prefeitura, criando um incentivo fiscal, para que esses locais se adaptem”.
Camila passou no vestibular de Direito e pretendo começar a estudar no ano que vem. Depois de formada, quer fazer algo pra mudar a realidade atual dos deficientes físicos. “Espero que essa nova geração de deficientes encontre as coisas mais fáceis. É uma luta de anos, está longe de acabar, mas estamos no caminho certo, eu espero que daqui uns anos, eu não precise chamar a polícia para um carro que está estacionado em vaga de deficiente. Espero que eu não precise de ajuda para entrar em algum comércio e que as pessoas não olhem mais deficientes como coitadinhos, porque não somos, apenas temos mais dificuldades do que as pessoas consideradas normais”.