Em comemoração ao centenário de Luiz Gonzaga, a emissora exibe microssérie sobre o Rei do Baião
Sempre tentando trazer novidades para manter-se na liderança da audiência – o que está ficando cada vez mais difícil - afinal, a programação das outras emissoras também passa por mudanças a fim de abocanhar o primeiro lugar na guerra da audiência, a Globo estreia na noite desta terça, “Gonzaga - De Pai Pra Filho”. Está será a terceira microssérie que a emissora lança desde o início deste ano, tentando trazer atrações inéditas para o público fã da teledramaturgia. A primeira foi “Xingu”; na semana passada foi a vez de “O Canto da Sereia”, estrelada e muito bem protagonizada pela atriz Ísis Valverde, que interpretou uma cantora de Axé, assassinada no auge de sua carreira, em plena terça-feira de Carnaval.
Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, pai e filho, se encontram e se perdem muitas vezes até se conhecerem de verdade. A história dos dois será contada pela microssérie “Gonzaga - De Pai Pra Filho”, versão para a televisão do filme de Breno Silveira com roteiro de Patricia Andrade e colaboração de George Moura. A atração é uma coprodução da Rede Globo com a Conspiração Filmes em comemoração ao centenário do cantor. Em quatro capítulos o telespectador vai conhecer a trajetória do Rei do Baião e a sua relação com seu filho, um dos maiores símbolos da MPB.
O projeto do filme nasceu em 2005, quando as produtoras Marcia Braga e Maria Hernandez, que assinam o argumento do longa, apresentaram para o diretor Breno Silveira fitas cassetes gravadas por Gonzaguinha, em que ele tentava resgatar a história de seu pai. A microssérie contará com cenas e arquivos inéditos, além de um novo prólogo.
A história
A mesma música que os uniu e os consagrou também os distanciou. O pai põe o pé na estrada à procura do seu destino e deixa o menino ainda pequeno, órfão de mãe, para os padrinhos criarem no morro de São Carlos. São inúmeros os desencontros. Mesmo assim, sempre que esse pai reaparece, faz brilhar os olhos do seu moleque. Um amor incondicional, embora contido. Mas verdadeiro, humano, e que se faz infinito.
Ao percorrer as idas e vindas de uma relação marcada por desencontros, “Gonzaga - De Pai Pra Filho”, fala também da integração do Brasil por meio da música e do afeto. Entre a cidade pernambucana de Exu e o morro carioca de São Carlos existe uma distância que só o amor e a admiração são capazes de superar.
Uma história de amor, de dois homens que viveram intensamente suas paixões: o palco e a estrada. E, através da música, fizeram um inventário das próprias vidas.
Para o diretor Breno Silveira, um dos maiores desafios da trama foi escolher os três atores que interpretariam as diferentes fases da vida de Luiz Gonzaga. "Chegamos a ter cinco mil candidatos a Gonzagão", revela o diretor. Land Vieira, o único dos três que já era ator, interpreta Luiz Gonzaga dos 17 aos 23 anos. O sanfoneiro Chambinho do Acordeon embarca em sua primeira experiência como ator no papel do Rei do Baião dos 27 aos 50 anos. "Ele trazia alguma coisa no sorriso que o Gonzagão tinha, além de ser um exímio sanfoneiro", conta Breno. Adelio Lima, guia do Museu Luiz Gonzaga em Caruaru, foi o escolhido para interpretar Gonzaga aos 70 anos. "Ele se revelou um ator brilhante".
Para escolher os atores que interpretariam Gonzaguinha, Breno não teve dúvidas. "No primeiro dia de testes, entrou no estúdio um cara igual ao Gonzaguinha, só depois soube que era o Júlio Andrade, que se caracterizou para o papel. Para mim, ele reencarnou Gonzaguinha". O ator interpreta o músico dos 35 aos 40 anos. Giancarlo Di Tommaso vive Gonzaguinha dos 17 aos 22 anos. E Alisson Santos, dos 10 aos 12 anos.
Além dos atores Chambinho do Acordeon, Nanda Costa e Julio Andrade, a microssérie conta com a participação especial de Domingos Montagner, Cecília Dassi, João Miguel e Zezé Motta.
O Rei do Baião
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, uma sexta-feira, na Fazenda Caiçara, terras do Barão de Exu (hoje cidade de Exu, em Pernambuco), o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, também mês de nascimento de Jesus Cristo). Luiz Gonzaga foi um compositor popular brasileiro e ficou conhecido como o Rei do Baião e até hoje é considerado uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, ao resto do País, numa época em que a maioria desconhecia o baião, o xote e o xaxado.
Admirado por grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso, entre outros, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias, ganhou notoriedade com as antológicas canções "Baião" (1946), "Asa Branca" (1947), "Siridó" (1948), "Juazeiro" (1948), "Qui Nem Jiló" (1949) e "Baião de Dois" (1950).
Luís Gonzaga sofreu de osteoporose e morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana em 02 de agosto de 1989. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte, no Ceará, e sepultado em sua cidade natal.
Gonzaguinha
Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos. O aprendizado musical se fez em casa mesmo, ouvindo o padrinho tocar violão e tentando fazer o mesmo.
Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: “Lembranças da Primavera”. Depois compôs “Festa” e “From U.S of Piauí”, que seu pai gravaria em 1967.
Característico pela postura de crítica à ditadura foi submetido ao então DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Assim, das 72 canções mostradas, 54 foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, “Comportamento Geral”. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos dos meios de comunicação lhe valeu o apelido de "cantor rancor", com canções ásperas, como “Piada Infeliz” e “Erva”. Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso e a compor canções de tom mais aprazível para o público da época, como “Começaria Tudo Outra Vez”, “Explode Coração”, “Grito de Alerta” e “O Que É O Que É”, e também temas de reggae, como “Nem o Pobre Nem o Rei”. Em 1975 dispensou os empresários e se tornou um artista independente, o que fez em 1986, fundar o selo Moleque, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos.
O acidente que tirou a vida de Gonzaguinha, aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de Renascença e Marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.
Agora o público em geral e, principalmente os fãs poderão reviver a saga dos dois artistas que merecidamente figuram no rol das estrelas da música brasileira.