Polêmico e extremamente competente, Miguel Falabella é tido como uma das pessoas mais generosas da televisão brasileira
Em se tratando de Miguel Falabella não existe meio-termo. Ou se ama, ou se odeia. Ele é autêntico demais, trabalha bastante e conhece muitíssimo bem o que faz. É como se diz no popular: “com Falabella não dá pra enrolar”.
Formado em Comunicações e Letras, trabalhou como professor de Teatro durante nove anos, e foi graças a isso que aprendeu tudo o que sabe; surgiu no cenário artístico carioca lá pelos anos 80 e desde então nunca mais saiu de evidência.
Para chegar até onde chegou, Falabella comeu muito “cajuzinho”. Isto é para fazer referência ao personagem Caco Antibes que "odiava pobre", no humorístico "Sai de Baixo", que foi exibido pela Globo, no período de 1996 a 2002. Aliás, essa mania de Caco Antibes fazer gozação com pobre gerou muita polêmica, mas é o próprio Miguel quem explica que Caco Antibes falava tudo o que ele, o ator, fazia quando não tinha dinheiro e assim brinca com o seu passado. Quer dizer, nem tudo foram flores para chegar até onde chegou.
E falando no passado, Miguel Falabella passou a infância da Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Um certo dia, o garoto loiro e de olhos azuis pegou os óculos da mãe e foi ao cinema. É que Miguel era míope e, naquele dia, pela primeira vez conseguia enxergar o mundo nitidamente. Sem dúvida, um novo mundo se abriu para o menino. O filme na tela era "O Grande Amor de Nossas Vidas" e Miguel soube, de alguma maneira, que acabara de traçar um destino novo e definitivo para sua vida.
Ator, autor, cronista, empresário e apresentador são alguns de seus dons. Já atuou em inúmeras novelas e outros trabalhos na televisão, mas o que Miguel gosta mesmo é de escrever. Em 1985 escreveu a série “Tamanho Família”, para a extinta Rede Manchete. Agora, autor de prestigio, já conseguiu colocar no ar as novelas "Salsa & Merengue", “A Lua Me Disse”, “Negócio da China” e “Aquele Beijo”. Na Globo também emplacou além do “Sai de Baixo”, os seriados “Toma Lá Dá Cá”, “Vida Alheia” e atualmente “Pé na Cova”.
Falando em “Pé na Cova”, até agora o seriado que tem uma leve semelhança com a “Família Addams”: “Eu estava em Nova York assistindo ao musical ‘Família Addams’ quando imaginei como seria uma família dessas, só que do subúrbio carioca. No Brasil, a morte tem uma pegada muito mórbida e imaginei que seria bacana fazer comédia com o tema e tentar dar leveza ao assunto. Até porque, para eles, a morte não dá medo, e os personagens enfrentam muito preconceito por isso”, revela o autor.
O que muitos perguntam é porque a personagem de Luma Costa se chama Odete Roitman - personagem que consagrou Beatriz Segal em “Roda de Fogo” - Miguel Falabella logo explica: “Tem sempre alguém com nome estranho porque os pais resolvem homenagear um ídolo. E, nessa família de doidos, eles resolveram colocar o nome da filha de Odete Roitman porque a Darlene era muito fã da personagem. Mas eu escolhi porque é um ícone da teledramaturgia brasileira e, claro, uma homenagem ao grande Gilberto Braga”.
Além de escrever “Pé na Cova”, Miguel Falabella também atua no seriado, vivendo Ruço, patriarca da família dona da F.U.I. – Funerária Unidos do Irajá. Mas infelizmente “Pé na Cova” não acertou o ponto e vem ficando bem abaixo das expectativas dos telespectadores, quem sabe nos próximos episódios a trama se torne mais engraçada, fazendo jus ao talento do autor.
Outro dos maiores sucessos de Miguel Falabella, sem dúvida, foi o espetáculo teatral "A Partilha", que depois virou filme estrelado por Glória Pires, Andréa Beltrão, Paloma Duarte e Lilian Cabral.
Além da competência, Miguel é famoso por suas oscilações de humor. Talvez porque sempre procura ser perfeccionista em tudo o que faz, digamos que o ator não tenha paciência para determinadas situações. É ele próprio quem diz: "Cara que nunca estudou, não sabe nada e quer se meter a besta! Cara para me dirigir tem que ser competente. Eu chuto o pau da barraca mesmo; depois é que vou pensar".
Se por um lado, ele tem este temperamento tipo” pavio curto”, por outro, Miguel é tido como uma das pessoas mais generosas do meio artístico.
Depois de ficar anos apresentando o "Vídeo Show", ao mesmo tempo em que vivia o Caco Antibes, no "Sai de Baixo", Miguel Falabella voltou a atuar em novelas. A sua reestréia causou sensação, houve quem dissesse que Miguel estava gritando demais vivendo o Juca Tigre em “Agora que São Elas” e que parecia estar impregnado de Caco Antibes. E ele nem aí para os mexericos, afinal é adepto ao lema "Falem mal ou falem bem, mas falem de mim".
Falabella estreou na televisão como ator na novela “Sol de Verão”, de Manoel Carlos, em 1982. Mas sua grande projeção deu-se como Miro, personagem criado por Janete Clair, em 1986, na segunda versão de “Selva de Pedra”. Como diretor, teve a sua primeira experiência em “Sassaricando”, de Silvio de Abreu, em 1987. Apaixonado pelo seu trabalho, Miguel Falabella adora o que faz. Ele é o que é e acabou. Autenticidade é o seu mote, mas nada o tira do sério quanto bisbilhotarem sobre sua vida pessoal. Literalmente ela vira bicho.
E está certo. Afinal, estrela tem os seus direitos.