Depois de ter feito a complicada Maruschka em “Aquele Beijo”, Marília Pêra volta à cena no seriado “Pé Na Cova”
A
última participação de Marília Pêra nas novelas foi em “Aquele Beijo”. O autor
da trama, Miguel Falabella, criou uma personagem especialmente para a atriz,
Maruschka, uma mulher de mil faces e capaz de muitas vilanias. Nada a ver com a
atriz na vida real. Marília Pêra é totalmente do bem.
Esta
espécie de parceria com Miguel Falabella está se repetindo no humorístico “Pé
Na Cova”, também de autoria dele e que tem a atriz na pele de Darlene, uma
mulher sofrida, um tanto quanto decadente, mas que não se deixa vencer pelas
adversidades.
O
seriado estreou como uma promessa de sucesso decepcionou um pouco os
telespectadores, fato refletido nos índices de audiência, mas a explicação pode
estar no horário em que vem sendo exibido. Todas as quintas-feiras, depois do
“Big Brother Brasil”, é muito tarde! Precisa ousadia para fazer da morte motivo
de chacota e esta é a proposta de Miguel Falabella e seu “Pé Na Cova”: fazer
rir.
Darlene,
a personagem de Marília Pêra, é a ex-mulher de Ruço (Miguel Falabella), uma
maquiadora que já teria tido seus dias de glória e atualmente sobrevive
maquiando defuntos. Difícil descrever a performance da atriz em cena,
equilibrando-se entre o copo e o cigarro. Nada mais incorreto, diria o
telespectador antenado, mas trata-se de uma caricatura e na faixa de horário em
que é mostrado, teria a permissão para mostrar tão péssimos hábitos.
Marília
Pêra parece ter encarnado a alma da personagem, uma mulher dura, mas que se desmancha
em ternura quando o assunto é a filha ou o próprio ex-marido.
Marília
Pêra dispensa apresentação. Talentosa, é um dos maiores nomes da dramaturgia
brasileira. Aos 70 anos de idade, a atriz exibe forma física e fôlego
invejáveis. Ela mesma conta que fica atenta para estar sempre magra e por isso
não descuida dos exercícios e opta sempre pela alimentação saudável e
equilibrada.
Marília
Pêra nasceu no Rio de Janeiro, no dia 22 de janeiro de 1943, na casa dos atores
Manoel Pêra e Dinorah Marzullo, pertencentes à companhia teatral Henriette
Morineau. Marília Pêra pisou no palco aos 4 anos de idade, ao lado de seus
pais, e jamais deixou a vida artística. Dos 14 aos 21 anos, dedicou-se a
carreira de bailarina e foi em 1965 que estreou na televisão, interpretando a
Carolina, na novela “A Moreninha”.
A
partir daí, praticamente emendou uma novela à outra, intercalando com trabalhos
no teatro e no cinema.
Discreta
quanto à sua vida pessoal, a atriz foi casada com Paulo Graça Mello, já
falecido e pai de seu primeiro filho Ricardo, que é músico e ator. Depois, ela
casou-se com o jornalista Nelson Motta com quem tem duas filhas, Esperança e
Nina. Desde 1998 está casada com o economista Bruno Faria.
Considerada
pela crítica uma atriz completa, Marília Pêra consegue encarnar diversos tipos
de personagens com maestria, dona de um timbre de voz peculiar consegue falas
que vão do dramático ao mais profundo escracho, o que faz de seus personagens
tipos inesquecíveis.
Além
de atriz, Marília Pêra também é produtora e diretora de teatro. Sob sua batuta,
a peça "O Mistério de Irma Vap", estrelada por Ney Latorraca e Marcos
Nanini ficou em cartaz durante dez anos. Ela também dirigiu um dos shows da
cantora Wanessa.
Uma
de suas façanhas no teatro foi fazer "Mademoiselle Chanel", no qual
ela encarnou a famosa estilista. Vale lembrar que foi sucesso de público aqui
no Brasil e na França, terra-natal da personagem real. E depois, magistralmente
fez Carmem Miranda também no palco.
Na
mesma proporção em que trabalhou no cinema e na televisão, tem sido a sua
atuação no teatro. O reconhecimento veio através da conquista de alguns prêmios
tais como os prêmios "Associação Paulista de Críticos Teatrais",
"Governador do Estado" e "Molière", em 1969, por sua
atuação em "Fale Baixo Senão Eu Grito", de Leilah Assumpção, no qual
também foi produtora. No ano de 1971 ganha mais um "Molière" por
causa de "Apareceu a Margarida", de Roberto Athayde e dirigida por
Aderbal Freire. Seis anos depois, recebe o prêmio "Mambembe" pelo
desempenho em "O Exercício", de John Lewis. Ganhou ainda o prêmio da
crítica americana pelo filme "O Pixote". Em 1983 ganha outro
"Mambembe" por "Adorável Júlia" e um ano depois leva mais
um "Molière" pela sua atuação e produção de "Brincando Em Cima
Daquilo".
Foi
ainda premiada com dois Kikitos de Ouro no Festival de Cinema de Gramado por
"Bar Esperança" (1982) e "Anjos da Noite" (1986) e ainda no
Festival de Havana por causa de sua atuação em "Tieta do Agreste"
(1996).
Um
de seus últimos trabalhos no cinema foi em “Polaróides Urbanas”, outra parceira
com Falabella; trata-se de um filme no qual ela interpreta duas irmãs gêmeas.
Férias
é uma palavra que parece não caber no vocabulário de Marília, ela sempre está
envolvida em algum projeto artístico, afinal nasceu para brilhar.