Alex Aleluia é o escritor da crônica
- Não fique assim, Alex.
- Como não? Você está se comunicando com este idiota e eu não tenho o direito de ficar assim?
- Alex, não grite! Todos estão me olhando.
- E eu posso ser o chifrudo, que assim sou eu quem será olhado, não é?
- Me respeite, Alex.
- Antes de mais nada, você terá que me respeitar. Anda falando com este...
- Para com isso, Alex. Eu gosto de você! – Ela veio e colocou seus braços em meu peito. Peguei minhas mãos e as retirei de cima de mim.
- Deixa-me sozinho, Gra. Eu quero ficar sozinho.
Deixei-a ali parada e fui em direção de minha sala. Com a cabeça baixa e pensando. Meu coração dilacera. Meu peito se angustia e meu pensamento a condena. Por que ela está fazendo isto?
Descobrimos nestes últimos meses que fomos feitos um para o outro, mas somente eu descobri.
Cheguei na sala e Danusa veio falar comigo:
- Por que esta cara? Já sei. O ex da Gra, não é?
- Sim.
- Venha comigo. – Danusa pegou em minha mão direita e me levou para fora da faculdade. A noite estava bonita. Estrelada. Ela pediu para que eu olhasse para cima. Olhei e foi aí que percebi como a natureza é bela. Como o mundo é perfeito.
- Perfeito, não acha?
- Sim.
- Mas, nós, não somos. Somos imperfeitos. O Anderson vai lutar por ela. E você se gosta dela, deverá lutar também.
- Mas ele já me bateu. Não sou de briga. Sempre repudiei a briga por mulher. O mundo há tantas.
- Sim, mas nenhuma como a Gra, não é mesmo?
- Realmente vocês são apaixonados. Dá para sentir isto, mas as lembranças se perpetuam na mente dela. É uma briga constante. Mas ela pode ser apaixonada por você, mas ama o Anderson. Acontece isto.
- Como?
- Simples. Quando somos pequenos, sonhamos com príncipes e princesas. Pode ser de todo tipo, desde que somos apaixonados. Quando crescemos, não funciona assim. Precisamos de segurança, comodidade e sem confrontos. No caso dela, o Anderson está à sua frente, pois tem carro, tem um bom emprego. E você ainda está aqui, sem carro e sendo açougueiro. Os pais não querem, não conseguem ter perspectiva de vida, porque vêm de uma geração diferente. Onde pobre continua pobre. Então você não serve para ela. Uma vez pobre, sempre pobre. Você vai longe. Mas vai demorar um pouco. E será que ela poderá esperar? Será que ela brigará com seus pais até um dia vocês casarem? Acho que não. Você está disposto a sofrer? Vá em frente, se não, cai fora!
- Eu não consigo. – Meus olhos se encheram de lágrimas.
- Não fique assim. Estou dizendo para o seu bem.
- Eu sei. Como dói ser apaixonado!
- Sim. Dói.
- Mas precisamos ir. – Quando me viro, vejo a Gra na frente da Faculdade, observando-nos. Eu fui até ela.
- Ainda chateado comigo? – Ela deu um grande sorriso majestoso. Meu coração sofreu uma facada, mas minha mente fortaleceu o machucado.
- Gra, eu quero terminar! – meu coração saiu pela boca.
- O quê?
CONTINUA