Da pequena cidade de Jacutinga (MG) –com 22,7 mil habitantes, de acordo com o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)– saem vestidos, blusas, jaquetas e biquínis que vão para os Estados Unidos, a Europa e a China.
As criações da estilista mineira Cecília Prado, 30, ganharam o mercado externo e, principalmente, o chinês, contrariando a onda de invasão de produtos asiáticos no Brasil, que vem prejudicando a produção das confecções nacionais.
Em 2012, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o país importou US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) em produtos têxteis. As mercadorias chinesas representaram 42% (R$ 5,5 bilhões) desse total.
Das 4.000 peças produzidas mensalmente pela estilista, 8% vão para a China. Um vestido da grife no mercado chinês custa, em média, US$ 500 (cerca de R$ 1.000), enquanto no Brasil o mesmo produto custaria R$ 600. Os preços dos biquínis comercializados na China vão de R$ 200 a R$ 650.
"A China é um dos maiores mercados do mundo. Se a marca fizer sucesso lá, vende muito", afirma Prado.
Para o presidente da Abest (Associação Brasileira dos Estilistas), Valdemar Iódice, existe uma fatia de pessoas no mercado chinês que gosta de produtos diferenciados e de maior valor. "É a classe emergente que está atrás de produtos de qualidade e exclusivos que não são encontrados no mercado interno", diz.
Para conquistar esse público, no entanto, Iódice afirma que o estilista deve criar uma coleção com DNA próprio, qualidade, design e bom preço.
Prado concorda com a opinião de Iódice e diz que para ter sucesso no mercado chinês, as peças precisam ter originalidade, criatividade e um visual exclusivo. "O segredo é fazer um produto com muita identidade e que eles não encontrem nada similar no mercado interno. Assim, dificilmente vão conseguir plagiar."