As pelejas são úteis para o exercício da autonomia, para o autoconhecimento e a interação
A não ser que a família opte, literalmente, por criá-la em uma redoma, dificilmente uma criança atravessará a infância sem brigar com outra ao menos uma vez. Disputa pelo mesmo brinquedo, bate-boca por causa das regras de um jogo, inveja entre irmãos, ciúme do amigo... A lista de motivos capazes de detonar uma encrenca é longa.
Segundo especialistas, porém, a maior parte das rixas infantis deve ser encarada com naturalidade, sem muita intromissão –a sugestão, obviamente, não se enquadra aos casos de bullying, prática nociva que merece maior cuidado e atenção.
"A não ser que a desavença ultrapasse o limite do razoável, partindo para a agressão física, por exemplo, não é recomendável que os pais tomem alguma atitude imediata. É preciso, antes, observar como o conflito vai se desenrolar", diz a psicóloga Cecilia Russo Troiano.
Para ela, não se deve negar as crianças o direito de tentar encontrar soluções para lidar com suas dificuldades de relacionamento, mesmo que elas sejam pontuais. Até porque as pelejas são úteis para o exercício da autonomia, para o autoconhecimento e a interação.
O problema é que na ânsia de defender a cria, alguns adultos protagonizam situações pouco racionais –como bater boca com os amiguinhos do filho– ou extremas, como esperar a rival da filha na porta da escola para um acerto de contas.