Se você está entre os mais de um bilhão de usuários do Facebook, já deve ter percebido a verdadeira avalanche de informações recebidas a cada minuto na sua seção "feed de notícias". Desde a criação desse recurso, em setembro de 2006, frequentadores do site de rede social tiveram que se acostumar ao recebimento de notícias e mensagens sobre os mais diversos assuntos ao longo do dia.
Mas há um mês, a estudante Luane Dias, do Rio de Janeiro, postou um vídeo no Youtube em que contesta práticas comuns no Facebook, como compartilhar intimidades e fazer um "diário público" no site. O vídeo esteve entre os mais acessados do YouTube - foram mais de 2 milhões de visitas e 250 mil compartilhamentos em redes sociais.
Luane, que atualmente possui três contas no Facebook, uma de Twitter e um canal no Youtube dedicado a seus vídeos, ficou irritada com as postagens feitas pelas amigas que, segundo ela, não trazem nada de novo e interessante a ninguém. "Tudo que vai fazer bota no Facebook. Essa p*** virou diário agora?", reclama a estudante. "Guarde sua vida pessoal pra você."
A BBC Brasil compilou uma lista de reclamações de usuários do Facebook. Na maior parte das vezes, elas se referem ao compartilhamento excessivo de situações corriqueiras do dia-a-dia. São as atualizações com característica de "diário irrelevante, que mostram não apenas o que a pessoa está comendo, mas que ela está entrando no metrô, ou indo trabalhar, indo à academia", segundo a secretária Claudia Ribas.
Entre as mensagens classificadas como "de mau gosto", estão aquelas que trazem fotos de "crianças machucadas ou com câncer, pedindo todo tipo de ajuda", afirma o assistente administrativo Wellington Roger. Segundo o gerente de turismo Neto Fernandes, irritam também os amigos que "ficam narrando futebol e novela ou passam o dia reclamando que o tempo tá muito frio, muito quente, ou (está) chovendo demais".
O músico Gustavo Garcia menciona os "falsos intelectuais" que, segundo ele, compartilham as mensagens mais irritantes. Em geral, para expressar a admiração "àquele ator, músico ou celebridade da década de 40 que faleceu, mas de quem eles nunca ouviram falar". Outros, como o recepcionista Agnaldo Santos, criticam os "usuários que estão em busca de uma discussão acalorada sobre religião, futebol ou até sobre o último capítulo da novela". No entanto, a prática unânime entre as reclamações compiladas pela BBC Brasil é a de postar mensagens do tipo "curta ou compartilhe". "Se você ama a sua mãe, compartilhe com sete pessoas. Se quer que ela morra, apenas olhe!", brinca a oficial de chancelaria Juliana Ciccarini. A tradutora Luciana Paquet lembra ainda das frases de autoajuda ou inspiração "atribuídas a Chico Xavier, ao Dalai Lama e até a William Shakespeare".