Quem está de fora, não pode ver seus pensamentos, nem seus sentimentos; enxerga apenas o que você faz. Não imagina que, do seu lado, acontece exatamente o contrário: você bem que gostaria de “estar lá” e participar das conversas. Os outros te importam sim. Às vezes, até demais – o que pode explicar sua timidez: medo de rejeição, de crítica dos demais, de cometer algum erro que seria “imperdoável” no seu ponto de vista, ou de falar alguma bobagem, se sentir ridículo.
Geralmente as pessoas tímidas não se acham interessantes, exigem muito delas próprias e não se veem em condições de manter uma conversa. Assim, não arriscam e comprovam a crença de que não são capazes.
A fuga não permite que você perceba se estava ou não exagerando no quanto poderia ser criticado ou julgado pelos outros. Cada vez que você evita uma situação e diz para si mesmo: “não posso fazer isto”, você joga fora sua autoconfiança. Quanto menos confiante você se sente, mais ansioso fica ao enfrentar uma situação nova. Menos autoconfiança, mais ansiedade: como consequência, você tende a fugir de situações que teme. Aí pode chegar à conclusão de que não é capaz realmente.
Assim, uma vez aprendido que quanto mais fugir, mais longe estará da melhora; torna-se necessário enfrentar as coisas difíceis.
Você já deve ter ouvido mil vezes: “vamos, fala alguma coisa aí!” ou “você tem que sair da toca, pessoas da sua idade se divertem”. E cá entre nós, apesar das boas intenções, esses conselhos não ajudam. Se fosse fácil, você já teria feito.
Então, como enfrentar o que causa tanta angústia?
O passo-a-passo para enfrentar a timidez:
1º) Não almejar mudanças radicais e nem definitivas. Quando temos um problema pela frente, tendemos a vê-lo como uma montanha que não podemos subir. Se for grande, não podemos mesmo. Transforme em pequenos montes, possíveis de serem escalados.
2º) Se você tem dificuldade de conversar, comece fazendo perguntas e se mostre interessado nas respostas. Não precisa falar sobre temas específicos. Muitos papos começam despretensiosos, sobre o cotidiano, como o tempo ou o trânsito. Não se preocupe com o conteúdo, você estará treinando aproximações sucessivas de convívio social.
3º) Crie para você mesmo uma lista de situações que considera mais fácil de enfrentar: pedir algum favor, almoçar na frente de alguém, sentar em outro lugar na classe... depois, vá dificultando suas tarefas e aguentando o desconforto.
4º) Lembre-se: nada precisa ser tão radical. Você pode avançar e retroceder sem problemas, quantas vezes precisar.
5º) É importante cuidar de seus sentimentos. Só você sabe avaliar se o que está vivendo é possível de suportar. Também não é possível esperar nível zero de ansiedade. Ela melhora depois que a gente a suporta.
“Mude
Mas comece devagar, porque a direção
é mais importante que a velocidade”.
(Edson Marques)