Jornal A Cidade foi até o Mercadão Municipal e encontrou profissões que antes eram esquecidas
Iládio de Souza está há 47 anos no Mercadão Municipal
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Consertador de relógios, de rádios e afiador de faca. Você, provavelmente, já ouviu falar destas profissões. Elas sobrevivem até hoje e em meio às tecnologias, demonstram que essas atividades podem ser hereditárias.
O jornal A Cidade, às vésperas do dia do Trabalho (comemorado hoje), saiu pelas ruas de Votuporanga para buscar ofícios quase esquecidos. E o local onde reúne um grande número de comerciantes que ainda ganham dinheiro com trabalho antes bem remunerados é o Mercadão Municipal.
O relojoeiro
Iládio de Souza, 82 anos, tem muitas histórias para contar de sua profissão. Trabalha desde 1966 com relógio e está há 47 anos no Mercadão Municipal.
Com o dinheiro de seu ofício, ele criou seus três filhos e serviu de exemplo para Marilei Aparecida de Souza, 44 anos. Marilei vi seu pai atuando no dia a dia e decidiu seguir os passos de seu Iládio. “Eu sempre fui muito curiosa, vim no Mercadão com meu pai desde pequena e fui aprendendo a mexer”, contou. Marilei já atuou no comércio, consultório, mas do que ela gosta mesmo é de consertar os relógios.
Com o avanço da tecnologia, pai e filha também buscaram aprender mais sobre o serviço. Eles fazem a manutenção de qualquer tipo de relógio seja mecânico, digital ou eletrônico. E a demanda é grande: de 50 a 60 relógios por semana. Por mês, varia a 700 e 800 pedidos.
Seu Iládio afirma que em Votuporanga não tem este tipo de serviço e ele é muito indicado por comerciantes. Ele ganha de R$ a R$ 40 por cada conserto.
O relojoeiro mostrou ainda o seu objeto predileto. Trata-se de um relógio que ele ganhou de Delco Gianoti, pai do advogado Douglas Gianoti.
Vitrolas e rádios antigos
No mesmo Mercadão, Fernando Norberto Tomé, 41 anos, conserta rádio antigo, vitrola e toca- CD. A profissão veio com o avô, Ernesto Matioli. Ernesto tinha o ponto comercial no Mercadão e Fernando mantém a tradição de família há 25 anos.
Ele é procurado por pessoas da região toda como Nhandeara, Rio Preto, Américo de Campos, Valentim Gentil, Cedral, Cardoso, entre outros.
Fernando, simplesmente, ama o que faz. Para ele, quanto mais as coisas são antigas, mas tem valor. “As pessoas não querem perder e pagam o que for para manter seus objetos”, contou.
O conserto varia de R$ 40 a 60. A maior procura é de rádios antigos, nos quais os ouvintes podem acompanhar até programas do exterior.
Para executar seu trabalho, Fernando ocupa, em média, quatro espaços no Mercadão, devido a quantidade de procura. Para ajudar no conserto, ele compra peças da internet. “Tem campo para este tipo de atividade”, ressaltou.
Afiador de facas
Antônio Bento de Menezes, 88 anos, trabalha com o filho Moacir Bento de Menezes. Há 47 anos no Mercadão, seu Antônio amola tesouras e alicates.
De sua atividade veio o sustento. Criou seus três filhos. E de pensar que seu Antônio é um autodidata. “Comecei com 12 anos a mexer nisso. Fazia antes em casa e comecei a cobrar o serviço”, afirmou.
O comerciante é um especialista. As máquinas em que ele trabalha, foram confeccionadas por seu Antônio. Seu serviço chega a custar R$4. (Colaborou Karolline Bianconi)