Exibida originalmente na década de 1970, “Saramandaia” ganhou nova versão, mas não perdeu a sua vocação para o inimaginável
Com texto livremente inspirado no original escrito
por Dias Gomes e cheia de efeitos especiais, vem aí a nova versão de
“Saramandaia”. A partir da próxima segunda-feira, dia 24, os fãs de telenovela
entrarão em contato com o universo divertido e, ao mesmo tempo, assombroso de
alguns moradores da fictícia cidade de Bole-Bole que se tornou cenário de uma
ferrenha disputa política quando vereador João Gibão (Sérgio Guizé) propõe a
mudança do nome da cidade para Saramandaia. Na verdade, o que Dias Gomes e agora
Ricardo Linhares querem é mostrar o quanto as pessoas são resistentes às
mudanças. O capítulo de estreia de “Saramandaia” será mostrado logo depois de
“Amor à Vida”, no entanto, a partir daí, o folhetim será mostrado a partir das
onze da noite.
Bole-Bole é uma cidade onde tudo pode acontecer.
Divertida por si só, fica no alto de uma colina e a população costuma ouvir
uivos nas noites de quinta-feira. As placas na estrada indicam o caminho, mas
seu C.E.P. é desconhecido e pode estar no interior de qualquer parte do país.
Computadores, tablets e smartphones mostram que, se até a
modernidade a encontrou no mapa, não deve ser tão difícil chegar a Bole-Bole.
Os
moradores falam sem sotaque e fazem uso de um extenso e curioso vocabulário
que “bastantemente” mostra a “exagerância” presente
nos “conversórios” de seus moradores. Porque se há uma coisa que
gostam de fazer, é confabular. Principalmente depois que jovens progressistas
se uniram em torno de um sonho premonitório: mudar o nome da cidade para Saramandaia
e, com isso, trazer novos ares depois de anos da velha-guarda no poder. Por
trás do movimento, uma antiga disputa, entre duas famílias rivais, Vilar e
Rosado, pelo poder na região.
Um
dia, o vereador João Gibão acordou assustado. Havia sonhado que a cidade
deveria se chamar Saramandaia para finalmente alcançar a paz e a tolerância.
Habituado com as visões premonitórias que costuma ter, apresentou o projeto na
Câmara e logo conseguiu um bom apoio, liderando o movimento e incomodando os
tradicionalistas de Bole-Bole.
O
sonho resume o seu principal desejo: deixar de sofrer por sentir-se diferente
dos outros. Cheio de complexos, João sempre foi motivo de chacota por causa de
uma suposta corcunda, escondida embaixo do gibão que não tira nem para nada. Mas
o que existe mesmo em suas costas é um par de asas.
Leocádia
(Renata Sorrah) é a única que sabe da condição de João. A viúva compreende a
dor do filho e corta suas asas de tempos em tempos com uma tesoura de jardim
para mantê-las em segredo. Além da visita de um gavião, que pousa em seus
ombros esporadicamente, João tem a companhia de Marcina (Chandelly Braz), por
quem é apaixonado. Esse amor só aumenta ainda mais suas angústias, já que a
namorada não entende o motivo de tanta reserva e pega fogo de tanta paixão, o
calor só passa quando a moça toma banho de água fria. João Gibão é irmão do
correto e apartidário prefeito Lua Viana (Fernando Belo) que governa para o
povo.
Mesmo
com um irmão saramandista, Lua não se posiciona e é justamente sua neutralidade
que incomoda a namorada Zélia Vilar (Leandra Leal), grande amiga e parceria do
cunhado João. Não escolherá um lado nem mesmo quando a disputa se acirrar e
tomar conta de Bole-Bole. Nesses momentos, Zélia fica zangada e é muito
parecida com sua mãe. Vitória (Lilia Cabral) também não dá o braço a torcer
facilmente. A volta de Vitória (Lilia Cabral) não vai só mexer com a filha, mas
abalará o coração de Chico Rosado (José Mayer). Os dois resistirão a princípio,
mas ao sentir novamente um delicado calor e suor, uma espécie de orvalho em sua
pele, Vitória não terá dúvidas: ainda se derrete por Zico, que por sua vez tem
que domar as formigas que lhe saem pelo nariz.
A
matriarca dos Rosado também mora na fazenda. Viúva, Candinha (Fernanda
Montenegro) passa os dias vagando pela casa, jogando ironias para a nora Helena
(Ângela Figueiredo) e conversando com galinhas mágicas, que só ela e o público
veem.
Outro
personagem incomum é o Professor Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes) que nas
noites de quinta para sexta-feira, transforma-se em Lobisomem.
No
entanto, o que promete mesmo chamar a atenção é Dona Redonda, interpretada por
Vera Holtz. A gentil senhora pesa aproximadamente 250 quilos e tem apetite
voraz. Não admite ser contrariada e se tornará inimiga de João Gibão a partir
do momento que ele pede para que ela coma menos, pois ele tivera um sonho
sinistro com ela.
Dona
Redonda é casada com o tímido Encolheu (Matheus Nachtergaele) que tem o dom de
prever o tempo.
Não
discutam com Cazuza (Marcos Palmeira) sobre a troca do nome da cidade.
Tradicionalista roxo, conservador e exímio bajulador de Zico Rosado, o dono da
única farmácia da cidade pode se alterar e literalmente colocar o coração pela
boca.
A
expectativa é que, após quase quarenta anos, “Saramandaia” repita o sucesso que
fez em sua primeira versão.