Revisitando minhas leituras encontrei um texto na oba de Mário Sérgio Cortella (Pensatas Pedagógicas: nós e a escola: agonias e alegrias - 2014) que é a reprodução da manifestação do professor Paulo Freire, vamos a ela:
[...] para me resguardar das artimanhas da ideologia, não posso nem devo me fechar aos outros, nem tampouco me enclausurar no ciclo de minha verdade. Pelo contrário, o melhor caminho para guardar a viva e desperta minha capacidade de pensar certo, de ver com acuidade, de ouvir com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar exposto às diferenças, é recusar posições dogmáticas, em que me admita como proprietário da verdade”.
O texto aqui compilado demonstra, claramente, o pensamento do professor Paulo Freire quanto à democracia que todos nós deveríamos praticar diuturnamente, em prol da formação de seres humanos no seio da instituição escola. E, obviamente, com reflexos para além dos muros escolares, especialmente quando o cidadão e a cidadã estão intervindo de forma socialmente responsável em suas comunidades ou territórios de ação.
No entanto, o que vemos, convivemos em nossa terra “Brasilis” é o oposto aos preceitos na frase apontados. Significativa parcela da sociedade, a dos adultos, buscam desmerecer a obra de Paulo Freire e ele atribuindo alcunhas as mais diversas, todas inconsistentes com a vida e obra do professor.
Observe ao seu redor e, certamente, irá identificar a quantidade de pessoas que buscam desconsiderar o outro, calar pessoas com a força do poder supostamente legítimo, as ações de deterioração dos ambientes que deveriam ser o berço da liberdade criativa e responsável, a escola. Avaliem o que foi feito nos últimos cinquenta anos com a Educação em nosso país e digam, se lhes for possível, que há um erro de interpretação deste professor.
Nossos netos e bisnetos deveriam ser formados para compreender o mundo em que viverão e irão intervir e não apenas serem reprodutores do passado que, por vezes, não é referência de coerência em nosso momento e no futuro. Não devemos formar pessoas apenas para a obediência e sim para o questionamento e a construção de novas possibilidades da vida em sociedade.
Qual será a democracia que pensamos entregar aos nossos netos e bisnetos? O que vamos dizer a eles sobre a cooperação, a solidariedade, respeito ao próximo, valorização da vida, da ciência e da responsabilidade com o planeta?