Antonio Rocha Bonfim (Foto: Divulgação)
(...) Síntese de uma história pela primeira vez narrada: Em um passado remoto, tão remoto que a Cosmologia nunca mencionou, aliás, nele não havia Cosmologia ou qualquer outra Ciência; tão remoto que sobre ele nunca houve a menor referência na literatura, aliás, ainda não havia o livro ou sequer a escrita; tão remoto que nunca foi abordado pela oralidade, aliás, ainda não havia a fala; tão remoto que – é bom que se esclareça – nem mesmo o homem existia. Tão remoto que, ainda hoje, a imaginação encontra sérias dificuldades para alcançá-lo.
Pois bem, nesse passado longínquo, em um ponto espacial localizado a bilhões de anos-luz da Via Láctea, aconteceu um fato pitoresco: uma pluma desprendeu-se da cauda de um pavão estelar, lançando-se numa viagem flutuante através do éter, rompendo o espaço sideral, propagando-se como ondas eletromagnéticas e visitando galáxias e planetas. Flutuou, flutuou, tocou vários corações, até que em uma manhã ímpar e de alternâncias – ora nublada, opaca, turva; ora ensolarada, transparente, luzidia -, pousou suavemente ao lado de um peregrino que dormia na areia úmida de uma praia. No ocelo da pluma tinha uma mensagem. Assim que acordou, o peregrino leu três vezes a mensagem e depois caminhou até o mar, foi quando uma brisa soprou delicadamente a pluma, fazendo-a decolar e retomar sua flutuante viagem. A pluma está até hoje viajando, flutuando e pousando, flutuando e pousando... E assim permanecerá até penetrar em todos os corações e despertar todas as consciências (...)
Assumo sem o menor constrangimento ou pesar ético que as linhas acima foram por mim extraídas de um livro. Ocorre que o referido livro foi por mim escrito, o que tecnicamente elimina qualquer acusação de plágio.
Mas, afora explicações e justificativas de ordem técnica, faz-se necessário esclarecer à indagação: Qual é a relação entre as linhas acima – síntese de uma história pela primeira vez narrada – e o Natal?
A resposta à indagação é sintética e cabe em uma palavra: AMOR.
Natal é tempo de reflexão: Deus, Cristo, Amor – Pai, Filho, Espírito Santo. Assim como Deus, o amor é atemporal, ambos não têm princípio nem fim. Deus é amor e vice-versa. Jesus veio para ensinar, apontar o caminho; é presente de Deus aos homens.
Jesus não é um problema matemático, não é para ser monopolizado nem explicado, mas para ser aceito. Não é preciso sair à procura de Jesus, basta abrir o coração que Ele entrará em sua vida. Deus, Jesus, amor: tão grandes que não cabem em teses ou estudos de teologia; no entanto, tão acessíveis que cabem na inocência de uma criança – deixai vir a mim as criancinhas.
Amar é tornar-se naturalmente pleno e, ao mesmo tempo, conectar-se ao todo. Amar não é uma obrigação, mas a realização de um compromisso moral para com Deus.
Deus pode resolver tudo sem a ajuda de ninguém, entretanto, enviou o Filho. Deus pode resolver todos os problemas, mas, preferiu contar com a ajuda dos homens, dando assim, outra prova de amor: oferecer à humanidade um meio para o crescimento.
No ocelo da pluma mencionada no início do texto há uma mensagem de paz. Que a pluma – metáfora do amor – pouse em todos os corações neste Natal, e que a data seja um momento, mas um momento eterno.
O amor é o dom supremo. Parafraseando Paulo, primeira epístola aos Coríntios 13.13: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.
Um Feliz Natal a todos, com saúde, paz, amor e solidariedade.