Antonio Rocha Bonfim (Foto: Divulgação)
Emílio fez um comentário sobre aquele país de nome estranho e ficou olhando para o amigo Nicanor que permaneceu calado, petrificado pela surpresa, com um ponto de interrogação na face estática.
“E então? Não vai tecer nenhuma consideração a respeito do país que acabo de mencionar?”, perguntou Emílio.
“Não tenho nada a dizer”, respondeu o Nicanor com perplexidade e insuspeita sinceridade, “nunca ouvi falar do país que você acaba de mencionar.”
“Mas... você não é professor de História e Geografia?”
“Sim, sou, e é exatamente isso o que causa maior estranheza, esquisito eu nunca ter ouvido falar do país citado por você.”
“Pois precisa pesquisar mais, afinal, é um professor, o futuro da nação está intrinsecamente ligado a você e...”
“Alto lá, modéstia à parte, sou um excelente professor, e muito bem informado, acontece que o país a que você se referiu... qual é mesmo o nome?”
“Carnavalescaipirovsky.”
“Isso, Carnavalescaipirovsky”, disse o Nicanor, “trata-se de um verdadeiro palavrão, acho até que só nós dois já ouvimos falar de tal país.”
“Espere um pouco, você disse que nunca tinha ouvido falar de Carnavalescaipirovsky.”
“Pois é, ouvi falar há alguns minutos.”
“Não é possível! Você deve ter lido sobre Carnavalescaipirovsky em algum lugar, acho que eu mesmo já falei dele pra você.”
“Não, nunca, mas... diga-me, qual é a extensão territorial de Carnavalescaipirovsky?”
“É grande, mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados.”
“Tão grande assim?”
“Sim senhor, um país continental.”
“E falando em continental, em que Continente fica Carnavalescaipirovsky?”
“Aí é que está o problema, ninguém sabe.”
“O QUÊ?...”
“Acalme-se, vou explicar, Carnavalescaipirovsky desprendeu-se do Continente com a fúria da Imperatriz, e desde então vive por aí, flutuando nos Oceanos...”
“Espere aí, isso está cada vez mais confuso, quem é essa imperatriz?”
“Quem, não, o quê, Imperatriz é a onda gigante cujo poder de devastação superou em milhares de vezes o tsunami que atingiu o Sul da Ásia em dezembro de 2004; mas, sobre a Imperatriz sabe-se apenas o nome, as autoridades não divulgaram maiores informações para evitar o pânico mundial.”
“E como é que você ficou sabendo tudo isso?”
“É informação sigilosa, entregar a fonte poderia causar um sério conflito que certamente culminaria em uma crise planetária sem precedentes.”
“Interessante! E Carnavalescaipirovsky é muito organizado?”
“Uma verdadeira bagunça, para que você tenha uma ideia da baderna, entre outras excentricidades, lá o dinheiro público é distribuído em orçamento secreto.”
“Conheço um país assim, mas tem outro nome, onde você leu isso tudo?”
“Está bem, está bem, eu li nas redes sociais, o que não significa que seja mentira. Não podemos ser cépticos em relação a tudo...”