Esta semana que passou tivemos a oportunidade de ter acesso a uma reportagem publicada por uma plataforma que se dedica ao ensino superior e à legislação que rege, ou pelo menos deveriam, as atitudes éticas de uma nação.
A matéria discursava sobre o uso de recursos da escrita que, segundo os pressupostos apresentados, buscam respeitar a diversidade de gênero, tema que tem ocupado, com certa frequência, boa parte das publicações em inúmeros meios de comunicação em nossa sociedade e, quiçá, do planeta.
O foco central exposto no texto foi o uso de “@” ou “x” nas palavras que poderiam estar se referindo ao gênero de seres humanos (talvez mais coerente seria sexo das pessoas) e questionando a ação como uma agressão à norma culta da língua portuguesa. Um exemplo é o uso de tod@s para substituir todos e todas nas frases construídas sob o manto do “politicamente correto”.
O zelo com o respeito à diversidade, inquestionável em nosso modesto ponto de vista, que perpassa pela propalada agressão ao uso do português escorreito nos textos que encaminhamos à leitura de toda uma sociedade, nos parece mais uma falácia atitudinal de uma comunidade que, de fato, não conquista respeitar, efetivamente, a diversidade.
De fato, em nossa modesta opinião, não conquistamos compreender a diversidade em todos os aspectos da existência humana de há muito tempo e, lamentavelmente, a considerar os fatos vividos nestes últimos tempos, continuaremos a conviver com a agressão aos diversos.
Basta observar e analisar as falas de nosso tempo em todos os campos de debate entre pessoas que, embora propugnarem pela liberdade de opinião e manifestação, pela democracia em seu mais amplo conceito de vida e convivência, ainda agridem, das mais diferentes formas, aos que pensam ou agem de forma diversa da sua (a particularidade de seus pensamentos e convicções).
O zelo que todos nós deveríamos ter com os nossos semelhantes humanos está ausente nas relações micro e macrorregionais. Qual a razão de termos populações sujeitas à fome, miséria e, mais recentemente, a ausência de recursos para combater a pandemia? Não somos capazes de estabelecer olhares para a humanidade e buscar soluções para os males que efetivamente assolam a nossa existência enquanto espécie sobre a face da terra.
Defendemos a língua portuguesa de uma suposta agressão ao vernáculo e mantemos as mazelas sociais intocáveis e perpetuadas pela nossa incapacidade de exercer a alteridade. Não é?
Enquanto escrevia este texto, coincidentemente, ouvia o cantor Ney Matogrosso cantando, “todo mundo tem direito a vida e tudo ser igual”, podemos pensar nesta proposta, haveria tempo para tal?