Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
Quem de nós nunca ficou chateado ao ouvir uma crítica? Ou com o tom de voz que recebemos algum comentário? Será que entendemos o que o outro nos comunicou?
Segundo Marshall B. Rosenberg, em seu livro Comunicação não-violenta, quando ouvimos uma mensagem negativa (aqui podemos pensar em todos os tipos de comunicação, seja verbal ou não verbal), temos quatro formas de recebê-la:
1. Culpar a nós mesmos: achamos que somos culpados, que fizemos algo, que não fomos sensíveis. E assim vai a nossa lista de culpas. Por exemplo, você manda um e-mail há dias com um pedido para seu gestor e não obtém resposta. Você precisa muita da solicitação e já pensa: Eu fiz algo errado, ele não irá me atender. Será que está desapontado comigo? Será que não fui claro? Deveria ter sido mais profissional? Criamos coisas que não existem, e carregamos o peso disso. Muitas vezes isso está ligado à nossa baixa autoestima, e a não aceitação da nossa história, que nos faz achar não enxergar que todos somos grandes do nosso lugar.
2. Culpar os outros: achamos que o outro está sendo exagerado, não está dando valor a tudo que fazemos por ele, que está nos desrespeitando. No mesmo exemplo anterior, pode-se pensar: Ele é um irresponsável, não lê os e-mails. Ele deve estar estressado, não dá valor ao meu trabalho! Isso nos causa raiva, mágoa e irritação. Será que vale a pena estragar o momento, o dia, o relacionamento, por culpar o outro?
Aqui abro um momento para refletirmos sobre a tal “culpa”. Culpar algo ou alguém resolve algum problema? Por que será que usamos tanto desse sentimento que só traz malefícios? Comece a observar os seus momentos de uso da culpa, eles realmente precisam acontecer? Sempre digo aos meus clientes: “Você não é culpado de nada, mas é responsável por tudo”. Porque na verdade nós somos os criadores de tudo na nossa vida.
Nas duas formas acima temos uma grande chance de explodir, de magoar o outro ou mesmo nos prejudicar. Muito provavelmente somos levados a ofender, cobrando com grosseria. Queremos sempre que o outro seja punido, seja advertido por sua falta de responsabilidade. Isso vai resolver o problema?
3. Escutar nossos próprios sentimentos e necessidades: ao ouvir algo ruim, paramos, trazemos para nosso interior, e analisamos conscientemente qual sentimento temos e qual necessidade precisamos que seja atendida. Fazendo isso fica fácil escolher o que preciso para chegar ao resultado que espero.
4. Escutar os sentimentos e necessidades do outro: receber a situação e trazer o foco para qual a necessidade e o sentimento do outro. No exemplo, poderíamos pensar que ele não respondeu porque estava muito ocupado, ou o e-mail se perdeu, ou então que está analisando ainda.
Ouvir, sentir e reconhecer qual necessidade você precisa que seja satisfeita torna a comunicação mais efetiva e clara, e as chances do problema se resolver são muito maiores.
A culpa, a crítica ou o julgamento, com certeza só bloqueia o outro em relação a você. Precisamos expressar nossas necessidades para o outro. Mostrar o que realmente queremos.
Vivemos em um mundo que não nos ensinou a analisar nossos sentimentos e necessidades. E pior ainda, que nos leva a todo momento a criticar e querer punir, sem focar na solução.
É necessário nos libertarmos do julgamento e analisarmos o que realmente precisamos, qual a nossa necessidade em cada situação. Reclamar e culpar só nos traz impedimentos. Reclamar é: “Clamar para receber de novo”.
E como nosso foco é progredir, vamos juntos?
Tire a sua culpa e a culpa do outro em todas as situações. Seja consciente e “escute” seus sentimentos. A boa comunicação transforma você, o outro e o mundo. É o caminho do meio, é a solução.
Quando tomamos consciência das nossas necessidades, maduros e adultos, agimos ao bem maior, cumprimos o nosso propósito de seres humanos.
Seguimos, pois queremos um eu melhor, as pessoas à nossa volta melhores, um Mundo Melhor.
Vamos juntos?
Porque juntos somos +