A pandemia do COVID-19 que abalou a humanidade nos últimos dois anos e ainda nos assombra, novamente, com a nova variante Ômicron que tem ceifado milhares de vidas em todo o planeta.
Mas, há um fato altamente relevante, que foi possível ser observado no espaço de formação de nossas crianças e adolescentes, que foi a derrubada, definitiva, das paredes limitantes das escolas em todos os níveis de ensino. A educação que se processou por muitos anos, séculos, em que as pessoas se reúnem em um mesmo espaço físico para aprender algo com uma mesma pessoa – a sala de aula convencional, deixa de existir e surge a nova e desejada forma de aprender.
As pessoas, em qualquer idade, podem encontrar informações diversas, conflitantes, complementares ou ampliadas em todo o universo da rede mundial de computadores com o uso de inúmeros equipamentos e formas de acesso.
Meu neto de dois anos conquista, com um celular na mão, acessar plataformas de entretenimento, encontra o ícone que tem significado para ele, acessa e realiza seus avanços. No caso do Bernardo, certamente foi a tentativa e erro que o fez encontrar a satisfação de seus desejos. A música, especialmente o Rock, é o desejo que ele conquista satisfazer e sem qualquer ajuda e já realiza movimentos concordantes com o estímulo musical que escolhe e faz repetir por vezes.
Um outro Bernardo, um pré-adolescente, fez um comentário com sua mãe sobre a ausência de significados da escola e dos conteúdos que ela lhe oferece diariamente. Os tempos de aulas em meio digital o fizeram buscar conhecimento de outras formas, dinâmicas, concretas e aprofundadas pelo seu desejo de aprender.
Há quantos anos os especialistas em Educação afirmam sobre a necessidade de transformações nas estratégias de aprendizagem? O vírus fez o trabalho por nós, os educadores. Nos tirou da área de conforto, nos colocou frente a um problema gigantesco e para o qual poucos de nós imaginava que nos seria exigido e com tamanha brevidade.
Algumas pessoas podem lembrar do livro “Liberdade sem Medo” de A. S. Neill, que sugiro a leitura. Mas, coloco aqui uma frase que simboliza a proposta do autor e que hoje, quem sabe, pode refletir o que estamos precisando meditar:
Neill mantém fé inquebrantável na “bondade da criança”. Acredita que a criança não nasce deformada, covarde, nem como autômato destituído de alma, mas tem amplas potencialidades para amar a vida e por ela se interessar.
Em outro texto, desta feita de Orly Zucatto, temos a constatação do distanciamento da educação formal dos desejos das crianças e adolescente: “A escola não pode ser uma janela aberta para dentro dela”.
Por fim, uma frase do professor Pedro Demo: “quem gosta de aula é professor”, que atrelo à fala do professor Ruy Espírito Santo, “vai uma transgressão pedagógica aí?
Acordados pelo vírus pandêmico vimos as paredes das escolas caírem, em alguns poucos casos sobre nós, os adultos professores.