Hoje em dia, parafraseando Karl Popper, ouvimos coisas estúpidas nunca antes ouvidas, uma delas é “Eu acredito na ciência”, como se esta fosse, de fato isenta e totalmente certeira em suas afirmações, especialmente no mundo dos “negócios” que hoje, infelizmente, vivemos.
Popper coloca que “se a ciência fosse uma questão de crença, seria chamada de religião”. De fato, a religião, seja ela qual for, pouco ou nada contribuiu para os avanços em diferentes áreas do conhecimento, sendo uma delas a medicina. Sugiro ao leitor analise e reflexão sobre alguns relatos traduzidos para filme como, por exemplo, “O nome da Rosa ”. Desejo lembrar, também, que muito recentemente, no relato histórico o “limbo” foi considerado extinto pela igreja no ano de 2007, não sem antes persistir por séculos, não como um dogma, mas como uma doutrina da igreja.
Em nosso tempo, os negacionistas assumem atitudes, conceitos e ações deletérias em diferentes campos de intervenção tornando-se altamente perigosos à própria sociedade em que coexistem. Qual o fundamento para a afirmação do tipo: “pessoas que tomam a vacina do covid-16 podem contrair AIDS”; “não há dados relevantes ou significativos para que crianças sejam vacinadas contra a covid-19”; “são poucas ou raras as crianças que morrem ou morrerão em consequência deste vírus”; “trata-se de uma gripezinha, logo passará e a morte é natural”.
Todos os adultos, como pessoas agentes da transformação em suas comunidades/sociedades, temos responsabilidade sobre nossos atos, nossas orientações, especialmente quando de nossa ação profissional depende a vida de outras pessoas.
A ciência, como hoje se discute, realmente não é definitiva em termos de resultados. Cabe lembrar, ainda, que lançar hipótese sobre uma questão não é negacionismo pois se busca referendar ou aprimorar as ações humanas, especialmente em termos de saúde pública. Vale a pena mencionar o posicionamento do professor Azanha , “A ciência é construída sobre hipóteses a serem confirmadas ou negadas. Uma vez confirmado, o estudo se aprimora, do contrário é descartado e levanta-se nova hipótese para posterior confirmação ou negação e assim dar continuidade às descobertas. A ciência é um caminho inacabado de hipóteses mais hipótese.
É relevante adicionar que, em função dos avanços tecnológicos conquistados, o tempo para a análise do vírus e a produção da vacina foi significativamente reduzido. A ciência assim permitiu com o desenvolvimento conquistado.
Quem trabalha em prol dos avanços, os chamados cientistas, não se contentam com resultados iniciais. Buscam, incessantemente, encontrar caminhos melhores para a humanidade e não para serem detentores da verdade. Aliás, a verdade em ciência não é imutável, mas segura enquanto se constrói sobre conhecimentos efetivamente provados.