Esta semana, ao assistir a um programa com foco em notícias e as diferentes perspectivas que analistas apresentam para um mesmo fato (atitude coerente em termos de informação e a possibilidade do estabelecimento da análise individualizada pelo espectador), foi apresentada a suntuosidade do edifício que abriga o Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, obviamente.
Um espaço que abriga centenas de funcionários que atuam em um ramo específico de dois em dois anos, em função das eleições em nosso país assim o serem. Não será necessário um grande esforço para calcular o montante de recursos públicos que foram e são necessários para sua existência e continuidade. Um de seus ministros publicou a vergonha que sente ao mencionar que seu gabinete mede cerca de 150 metros quadrados.
A suntuosidade dos prédios públicos é de fazer inveja aos antigos faraós que, assim como nossos políticos e profissionais que ascendem aos elevados cargos (e salários), os faraós obrigam seus escravos a construírem seus palácios banhados a ouro.
No caso de nossos ministros e funcionários de elevados cargos, a questão é ainda mais entristecedora. Com o gasto de apenas um desses gabinetes de trabalho, elegantemente decorado e mobiliado, quantos espaços públicos seriam dotados da mais simples providência no campo da saúde, o saneamento básico em cidades que não os possuem.
“ 5,5 milhões de brasileiros sem água tratada e quase 22 milhões sem esgotos nas 100 maiores cidades, segundo novo Ranking do Saneamento. Dados referente a 2019 evidenciam que as maiores cidades do país entraram no 1º ano da pandemia, em 2020, com déficits de abastecimento de água e esgotamento sanitário” (dados de apenas 100 das cidades brasileiras).
O mais surpreendente é que o ministro que atua no Tribunal Superior Eleitoral é, também, ministro do Supremo Tribunal e, obviamente, ocupa dois distintos gabinetes de trabalho e funcionários à sua disposição.
Associa-se este fato concreto, um sem número de obras com as mesmas características (suntuosidade), outras abandonadas por sucessivos governos e muitos recursos que se esvaem pelo ralo da corrupção.
Poderíamos, sem dúvida, ser um país muito mais justo e com clara distribuição de renda e qualidade de vida. Os moradores de rua são conhecedores desta realidade, não é?