Qual a necessidade que temos, enquanto frágeis seres humanos, de estabelecer julgamentos sobre as atitudes de outras pessoas sem antes, natural e obrigatoriamente, indagarmos sobre os motivos que levam a pessoa às atitudes e comportamentos que nos dispomos a avaliar unilateralmente.
Nesse campo do comportamento humano, talvez a antropologia social possa nos elucidar ou, minimamente, oferecer condições para que tenhamos a ética de assumir a atitude preliminar de indagar sobre o fato que, tendenciosamente, buscamos “vigiar e punir” como nos colocou Michel Foucault.
Esta atitude, de fato humana, tem se feito presente com alta regularidade nestes tempos de antagonismos exacerbados, violentos e repletos de ódio. Não mais indagamos sobre o que levou pessoas a tomarem determinadas atitudes que, em nosso olhar desprovido de alteridade, determinaram nosso julgamento precipitado, equivocado e desnecessariamente agressivo.
Alteridade, termo que referencia a atitude de analisar o comportamento presente em determinadas culturas com o olhar dessa cultura e não da nossa. Há, sem dúvida, forte determinação prévia e cultural na atitude que, unilateralmente, julgamos como equivocada que se encontra sustentada por nossa concepção (em termos objetivos, cultura).
A diversidade humana, neste equivocado comportamento, é totalmente desconsiderada. Estamos, neste momento, convivendo com a diversidade com insuportável compreensão quanto aos que pensam de forma divergente. Esta atitude gera, sem dúvida, o medo de expor seus pensamentos e concepções, especialmente pela possibilidade concreta de sermos vítimas de violências de toda espécie.
No momento, creio, estamos vivenciando a presença da mentira travestida de verdade, ou não?