Antonio Rocha Bonfim (Foto: Divulgação)
“Conte uma história sobre a felicidade.”
“Está bem, certa manhã, o feliz e sorridente monarca de um reino próspero, acordou e, inexplicavelmente, havia perdido a vontade de sorrir, estava triste, melancólico. Então foi passear pelos floridos jardins do castelo, borboletas multicores misturavam-se às flores e reluziam ao sol, formando um cenário perfumado e deslumbrante que inspirava leveza, porém, a tristeza persistia no coração real.”
“Retornando ao interior do castelo, o rei caminhou por amplos e suntuosos salões olhando para obras de arte dos mais conceituados artistas, depois foi ao grande salão de bailes, onde a orquestra real executou, com maestria, belíssimas obras músicas, mas a tristeza não abandonou o monarca. Vários artistas foram levados à presença do rei, dentre eles, os mais afamados e competentes no ofício de fazer graça e provocar risos, tudo em vão, a tristeza do rei persistia.”
“Foi então que o rei teve uma ideia, chamou um mensageiro e o incumbiu de uma tarefa simples: traga-me a camisa de um homem feliz, ordenou. O monarca pretendia expor a camisa em seus aposentos, acreditava que assim recuperaria sua felicidade.”
“Então o mensageiro saiu à procura de um homem feliz. Encontrou um comerciante mascate, cumprimentou-o e perguntou: você é um homem feliz? Não, não sou feliz, respondeu o mascate, e acrescentou: procure um comandante de guarda real, eles são temidos e respeitados por muitos, no lugar de um deles, eu seria feliz.”
“O mensageiro do rei triste agradeceu ao mascate e prosseguiu em sua busca, num reino vizinho, encontrou o comandante da guarda real e perguntou: você é um homem feliz? Não, não sou, respondeu o comandante da guarda, e completou: procure pelo primeiro-ministro, com todo aquele poder, estou certo de que, ele, sim, é feliz, na posição que ele ocupa, eu seria.”
“O mensageiro do rei triste agradeceu e continuou sua busca. Procurou pelo primeiro-ministro e perguntou: você é um homem feliz? Totalmente feliz, não, respondeu o primeiro-ministro, e acrescentou: mas, meu rei é um homem pleno de poder, com brasão de família, reconhecimento e respeito dos súditos, sugiro que o procure, posso lhe assegurar de que ele é um homem feliz, no lugar dele, eu seria.”
“Prestativo, o primeiro-ministro agendou uma entrevista entre seu rei e o mensageiro do monarca triste. Durante a entrevista, o mensageiro perguntou ao rei se este era um homem feliz. Plenamente feliz, não sou, respondeu o rei, e concluiu: todos me chamam de Majestade e me cumprimentam com reverência, mas, não escolhi ser rei, desde que nasci fui preparado para sê-lo, o que prezo, mesmo, é a liberdade, no entanto, estou preso à coroa, encontre um comerciante mascate e encontrará um homem feliz, eis aí o que eu queria ser, um comerciante itinerante, cada dia em um lugar diferente, livre como uma pluma ao vento, ah, seria a felicidade plena!”
“Estendeu-se por mais de uma década a infrutífera procura por um homem feliz. Então o mensageiro do rei triste desistiu da procura e resolveu retornar e assumir seu fracasso. Estava próximo ao reino quando parou em um riacho e bebeu água cristalina. Narrou seu fracasso na busca por um homem feliz a um pescador que estava por ali. Tranquilize-se, disse o pescador, e arrematou: você acaba de cumprir sua missão, sou um homem plenamente feliz. O pescador não usava camisa, mas, morava em uma cabana que ficava a cerca de cem metros. Então vamos até sua cabana, disse o mensageiro do rei, e completou: pago qualquer preço por uma de suas camisas. Sinto muito, senhor, disse o pescador, e explicou: não tenho nenhuma camisa.”