Observando um dia na cidade onde moro conquistei acumular alguns comportamentos que nos chamaram a atenção por sua incoerência enquanto ausência das questões da liberdade e responsabilidade social que deveríamos adotar.
Ao sair de minha casa e chegar no andar térreo tentei sair do elevador e pessoas que lá estavam aguardando a chegada do mesmo não me permitiram sair para que entrassem. Impaciência desrespeitosa, inclusive com a lei da física, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, será?
Entro no meu carro e tento sair da garagem, mas, tem um veículo parado exatamente na porta impedindo a saída de qualquer outro. Demorei muito tempo para encontrar o proprietário que estacionou sem pensar no que poderia estar causando.
No caminho, alguns motoqueiros que transitam sobre as faixas no solo e exigindo que todos os carros deixassem livre aquele espaço para eles e que não tentem trocar de faixa, é inaceitável pelos motociclistas despreparados, os mesmos que exigem respeito no trânsito.
Minha atividade era, exatamente, levar minha esposa ao pronto socorro, o que me fez enfrentar novo fato na entrada do hospital. No acesso ao atendimento de emergência um veículo parou interrompendo a passagem dos demais, uma senhora desceu, abriu o porta-malas, ficou por longo tempo revirando seus pertences provocando maior atraso no atendimento à minha esposa. Surpreendeu-me o fato de ser uma funcionária do hospital que, vestida de branco poderia ser uma médica, enfermeira ou profissional da saúde. Não se preocupou com a interdição que provocava e retardava o atendimento de urgência.
Entro no hospital, corro para o atendimento e recebo a colaboração de um dos seguranças que, gentilmente me trouxe uma cadeira de rodas para facilitar o transporte, uma atitude coerente, colaborativa, respeitosa e humanizada.
Após o atendimento, que demandou mais de 8 horas, volto para minha residência e, por força da distância me fiz valer da marginal dos rios Tietê e Pinheiros. Transitando pela faixa de menor velocidade, a da direita, inúmeras vezes fui ultrapassado por motoristas em alta velocidade pela faixa reservada aos ônibus e áreas de acostamento. Tais motoristas, quando tentavam voltar para a faixa correta, geravam congestionamentos e, em um determinado ponto, um acidente. Esta atitude, transitar por faixas não coerentes para, ganhar tempo, ultrapassar vários carros, furar filas e “levar vantagem” são, infelizmente, comuns em nosso tempo. Novos congestionamentos são uma constante, causados por estes motoristas.
A humanidade convive com todo tipo atitudes incoerentes cometidas por seres humanos que se auto atribuem a qualidade de coerentes, dignos e socialmente responsáveis. Vivemos um tempo do “tudo posso” e “tudo que eu desejar o farei”, em todos os momentos de convivência social.
No momento em que elaborávamos este texto veio a notícia do assassinato de um partidário do partido dos trabalhadores por um aficionado do bolsonarismo. Quanta imbecilidade!! Quando voltaremos a ser humanos socialmente responsáveis? Ou viveremos a lei de Gerson, modernizada em que os recursos da tecnologia são utilizados para agendar emboscadas e pancadarias?